7.9.08

Recuperação ou reflorestamento de áreas degradadas





Existem duas maneiras de se recuperar áreas desmatadas no passado, sejam áreas de preservação permanente, reservas legais ou outras áreas.
Regeneração espontânea
É a maneira mais fácil e barata. Basta deixar a natureza agir sozinha, ou seja, parar de praticar agricultura ou pecuária nestas áreas para que aconteça a regeneração espontânea e natural da floresta. Isto só será possível se a terra não estiver muito degradada, se existirem dispersores de sementes, e se nas proximidades existirem remanescentes florestais que possam fornecer sementes. Neste caso, em pouco tempo surgirá uma capoeira, que em alguns anos se transformará numa floresta. Nas pastagens o ideal é cercar a área, deixando apenas um pequeno caminho para os animais chegarem até a água.

Apesar de mais barata e fácil, a regeneração espontânea apresenta algumas limitações em relação aos reflorestamentos, cabendo citar a menor diversidade de espécies de árvores, gerada pelo grande número de exemplares de espécies pioneiras competindo entre si por espaço e luz, o que dificulta o desenvolvimento do conjunto florestal.
Reflorestamento com espécies nativas
Pode-se também ajudar a natureza com o plantio de mudas de espécies nativas. Fazer o reflorestamento aumenta um pouco o custo mas o resultado é muito mais rápido. O que a natureza sozinha faz em 40 anos, pode ser feito em 10 anos com o reflorestamento. O ideal é plantar apenas espécies nativas da própria região, fazendo uma mistura de espécies de crescimento rápido (pioneiras) e espécies de crescimento mais lento (secundárias e climácicas). Quanto maior o número de espécies plantadas, melhor, pois aumenta a biodiversidade e proporciona maiores condições para se chegar novamente a restaurar os aspectos e características originais da floresta.

Uma análise comparativa do crescimento das árvores plantadas e da biodiversidade em áreas reflorestadas em relação a áreas em regeneração natural espontânea, indica que através do reflorestamento com espécies nativas pode-se adiantar o período de regeneração de uma floresta em pelo menos 30 anos. Comparando uma área reflorestada com 15 anos, constatou-se que havia maior número de espécies e maior volume de madeira do que numa área em regeneração espontânea com 44 anos de idade, apesar do número de indivíduos na área em regeneração espontânea ser significativamente maior. Isto mostra que o reflorestamento pode contribuir para aumentar a biodiversidade e também o ritmo de crescimento das árvores (SCHÄFFER & PROCHNOW, 2002)


Passo a passo
E aqui o passo a passo do reflorestamento de áreas de preservação permanente, reservas legais e outras áreas degradadas.

Para recuperar áreas através do reflorestamento é importante observar os seguintes passos:

1 - Demarcar a área a ser reflorestada e isolá-la de animais, quando estiver no meio de pastagens;
2 - Escolher espécies adaptadas à região do plantio;
3 - Observar o clima, o solo e usos anteriores da terra, para ver se é necessário aplicar fertilizantes para facilitar o crescimento das mudas plantadas;
4 - Utilizar em torno de 50% de espécies pioneiras, aproveitando suas características de rápido crescimento para fazer sombra para as espécies climácicas; 5 - Privilegiar o uso de árvores frutíferas, com o objetivo atrair a fauna;
6 - Diversificar ao máximo as espécies plantadas, para chegar o mais próximo possível do ambiente natural;
7 - Quando possível, plantar em linha e colocar estacas, para facilitar futuros trabalhos de manutenção das mudas plantadas;
8 - Escolher o espaçamento entre plantas (2 x 2, 3 x 2, 3 x 3 ou 4 x 4), em função dos custos e do prazo em que se espera recuperar a área. Espaçamentos menores dão resultados imediatos, mas o custo de implantação é maior;
9 - Proceder o replantio das mudas mortas;
10 - Realizar limpezas de manutenção (roçadas e coroamento) até o 3o ano após o início do plantio.


O enriquecimento de florestas secundárias
Enriquecer florestas secundárias é aumentar, através do plantio, a quantidade de espécies de árvores e outras plantas em determinada área, contribuindo para o incremento da biodiversidade e para a aceleração na regeneração da floresta.

Enriquecer florestas secundárias não significa necessariamente, trazer retorno econômico para os proprietários das áreas. É certo que os proprietários terão inúmeras vantagens ao fazer o enriquecimento de suas florestas secundárias, mas o lucro ou o retorno econômico, depende muito do grau de degradação ou do estágio de regeneração em que se encontra a floresta, das condições de solo, do clima local e das espécies utilizadas. Em muitos casos não haverá lucro financeiro imediato.

O envolvimento direto e a participação dos proprietários de terras no trabalho de enriquecimento das florestas secundárias é fundamental para que eles adquiram conhecimentos sobre as espécies que podem gerar retorno econômico no futuro, sobre aspectos da legislação ambiental, sobre a importância e o valor das florestas e sobre a forma que estas podem ser integradas às demais atividades econômicas da propriedade, desde que manejadas de forma sustentável.

Antes de iniciar o enriquecimento de uma floresta secundária é importante avaliar a situação e o estágio em que se encontra a floresta, para a escolha do método de enriquecimento a ser adotado. A avaliação prévia também vai indicar se será ou não necessário intervir na floresta através do manejo ou corte seletivo de algumas espécies. O manejo, neste caso, é o trabalho preliminar, que vai preparar a floresta secundária para ser enriquecida.


Como enriquecer
Existem várias formas de enriquecer as florestas secundárias. A escolha da forma adequada a cada situação depende:

a) do grau de degradação e do estágio de regeneração em que se encontra a floresta secundária;
b) dos recursos humanos e financeiros disponíveis;
b) do período desejado para obtenção de retorno econômico;
c) da necessidade de obtenção de subprodutos como lenha e madeira para uso na propriedade;
d) da intenção de uso futuro da área para manejo sustentável ou apenas para recomposição e preservação da biodiversidade.

É importante ressaltar que a escolha do método a ser adotado implica na maior ou menor necessidade de recursos humanos e financeiros e poderá influenciar diretamente o ritmo de crescimento das espécies já existentes e das plantadas. Na maioria dos casos, para fazer o enriquecimento é necessário realizar manejo, através do corte seletivo de determinadas espécies arbóreas que ocorrem com grande freqüência. Também é necessário manejar os cipós, taquaras e capins que geralmente ocorrem em grande quantidade nas formações secundárias.

O corte seletivo de algumas espécies possibilita maior incidência de luz no interior da floresta, diminui a competição entre as plantas, dando condições para as árvores existentes e as plantadas se desenvolvam melhor. No corte seletivo devem sempre ser preservados os melhores exemplares de cada espécie, com o objetivo de garantir maior volume e melhor qualidade das árvores para futuros usos.

Com o corte seletivo de árvores pioneiras podem ser obtidos subprodutos como lenha e madeira. Em capoeirões com idade entre 15 e 35 anos obtém-se em média 60mst de lenha por hectare. Essa quantidade varia de região para região e também depende das espécies existentes na área sob manejo. Os subprodutos florestais, tais como a madeira proveniente de árvores mortas e caídas e a lenha proveniente do corte seletivo de espécies pioneiras, podem ser utilizados para consumo na propriedade. Isto proporciona renda indireta aos proprietários, que não precisam comprar estes produtos.

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