13.9.08

Ameaça das lavouras é a “semente suicida”




Redação/O Estado do Paraná [10/01/2006]


As multinacionais de sementes transgênicas preparam a nova etapa da estratégia para a dominação da produção de grãos no país. É a introdução no Brasil da chamada “semente suicida”. A nova articulação em curso está embutida no projeto de Lei 5964/05 de autoria da deputada Kátia Abreu, da bancada ruralista do Tocantins, em tramitação na Câmara Federal, propondo autorizar a liberação da utilização da chamada “Tecnologia de Restrição de Uso Genético (TRUG)”, designação técnica para a “semente suicida”.

O agrônomo Marcelo Silva, especialista em transgênicos, explicou que a “semente suicida”, também conhecida como “terminator seed” é uma técnica de transgenia que permite a produção de sementes que geram plantas normais na aparência, que dão flores normais até o momento em que o grão se forma. “Nesta etapa, a planta mata o germe do grão. O agricultor colhe então um grão estéril”, disse.

O plano de dominação do mercado de grãos das multinacionais de sementes passa pela contaminação da produção de grãos do planeta, por plantas transgênicas e, em seguida, o controle global da comercialização de sementes através das chamadas “sementes suicidas”.

Com todas as áreas de produção agrícola contaminadas por plantas geneticamente modificadas, os agricultores somente poderão adquirir sementes transgênicas estéreis. E ficariam definitivamente na dependência destas multinacionais, já que as sementes crioulas deixariam de existir. Este é o alerta do economista Jean Marc Von Der Weid, integrante da Campanha Brasil Livre de Transgênicos.

Este tem sido o cenário que o governador Roberto Requião vem transmitindo aos agricultores paranaenses. Ele denuncia que o domínio da produção de sementes é a meta das empresas multinacionais, buscando o monopólio total dos alimentos agrícolas no planeta. E destaca: “o agricultor que tem apenas a terra, terá que pagar para nela plantar. Porque a cada safra terá que comprar novo lote de sementes, já que os grãos colhidos não germinarão. Este é o quadro diabólico que está sendo combatido por todos aqueles que tem a obrigação e o dever de preservar a soberania de nosso país, que passa obrigatoriamente pela defesa da independência de nossa agricultura, porque sem a produção suficiente de alimentos não há povo que consiga sobreviver”.

Dominação

Desenvolvida pela primeira vez pela empresa norte-americana Delta & Pine Land, a tecnologia Terminator - ou Tecnologia de Restrição de Uso Genético (TRUG), como preferem seus defensores - é um conjunto de técnicas que possibilita a criação de plantas transgênicas para produzir sementes que alcançam a maturidade uma única vez e depois não germinam mais se novamente plantadas. Isso é possível graças a um gen que é inserido artificialmente na estrutura da planta e depois ativado e desativado através da utilização de um indutor químico.

Já batizada pelos agricultores como “semente suicida”, a Terminator, na visão dos ambientalistas, significa um enorme passo para que as empresas de biotecnologia adquiram de vez o controle sobre o mercado mundial e anulem o direito dos trabalhadores de guardar as sementes que possuem para utilizar na safra seguinte.

“Essa tecnologia visa apenas a maximização dos lucros das empresas e criará entre os agricultores uma dependência total em relação ao mercado de sementes. Isso sem falar nos riscos trazidos à biodiversidade. A Terminator, na verdade, é uma semente genocida e não suicida”, afirma a pesquisadora mexicana Silvia Ribeiro, dirigente da ONG internacional Grupo ETC (Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração).(AEN)

fonte: http://www.parana-online.com.br/noticias/index.php?op=ver&id=183389&caderno=6

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