Carapa guianensis Aubl.
Identificação
Família: Meliaceae.
Nomes vulgares: andiroba, andirobeira, andirobinha,
andiroba-do-igapó, carape, jandiroba, penaiba, entre
outros.
Sinonímia: Carapa macrocarpa Ducke, C. nicaraguensis de
Candolle, entre outras.
Espécie relacionada de maior interesse: as espécies
Carapa guianensis e C. procera são conhecidas pelos mesmos
nomes vulgares, sendo utilizadas no comércio sem
distinção.
Usos da espécie
É uma espécie de uso múltiplo; a madeira e o óleo
extraído das sementes são dois dos produtos mais
importantes. Entre as espécies nativas da Amazônia, a
madeira da andiroba é uma das mais estudadas, sendo
considerada nobre e sucedânea do mogno.
O óleo é usado na preparação de sabão e de
cosméticos. Recentemente, a Fundação Osvaldo Cruz
lançou no mercado velas de andiroba que são indicadas
para repelir mosquitos transmissores de doenças, como
o da dengue e o da malária. Alguns grupos indígenas e
populações tradicionais utilizam o óleo como repelente
de insetos e no tratamento de artrite, distensões
musculares e alterações dos tecidos cutâneos.
Popularmente, o chá da casca e das flores é usado
como remédio para combater infecção bacteriana e o
chá do cerne como fungicida.
Descrição botânica
Árvore grande, podendo atingir até 55m de altura,
com fuste cilíndrico e reto de 20-30m. A casca é grossa e
amarga, de cor avermelhada ou acinzentada e desprendese
em grandes placas. A copa, de tamanho médio, é
densa e composta por ramos eretos. As folhas são alternas,
compostas e paripinadas, com vestígio de 1 folíolo terminal;
medem geralmente entre 50 e 75cm de comprimento,
chegando até 90cm. Cada folha possui 3-10 pares de
folíolos opostos ou sub-opostos, com 10-50cm de
comprimento; o ápice dos folíolos varia entre acuminado,
agudo e arredondado, enquanto a base é desigual e
assimétrica. A inflorescência é uma panícula de 20-80cm
de comprimento; as flores são unissexuais com 4 meras,
de cor branca a creme, levemente perfumadas e 4,5-7mm
comprimento. A planta é monóica. O fruto é uma cápsula
com 4 valvas, de forma globosa ou sub-globosa, medindo
geralmente entre 5 e 11cm de diâmetro e pesando entre
90 e 540g; cada fruto pode conter entre 1 e 16 sementes.
As sementes de cor marrom podem apresentar grande
variação de forma e tamanho; foram encontradas
sementes pesando entre 1 e 70g e medindo entre 1 e 6cm
de comprimento. As sementes de Carapa guianensis
apresentam hilo maior do que as de C. procera; o hilo não
possui uma saliência delimitante e normalmente
apresenta resíduos de tecidos da placentação aderidos.
A plântula apresenta epicótilo com 9-17cm de altura
quando surgem as primeiras folhas, que são alternas,
glabras, normalmente compostas, paripinadas ou
imparipinadas. O hipocótilo não se desenvolve e os
cotilédones permanecem na semente. Neste estágio, a
raiz primária é comprida, lenhosa, resistente e de
coloração marrom; as raízes secundárias são finas, densas
e de cor castanho claro.
Ecologia
Ocorre no sul da América Central, como também na
Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil,
Peru, Paraguai e nas ilhas do Caribe. No Brasil, ocorre do
nível do mar a até 350m de altitude, em toda a bacia
Amazônica, tanto nas florestas de terra firme como nas
florestas temporariamente alagadas (várzeas e igapós),
ao longo dos rios e riachos e próximo aos manguezais. As
sementes flutuam e podem ser dispersas através da
correnteza dos cursos d’água. Porém, em floresta de terra
firme, a maioria dos frutos e sementes é encontrada
embaixo da árvore-matriz. No período de dispersão, as
sementes são muito predadas por roedores, tatus, porcosdo-
mato, pacas, veados, cotias, etc.
Floração e frutificação
Na região de Manaus, floresce anualmente entre
dezembro e março e os frutos podem ser coletados entre
abril e julho. Porém, em casos isolados, foram observados
frutos maduros ao longo do ano.
Obtenção de sementes
Os frutos ou as sementes são coletados embaixo das
árvores-matrizes, preferencialmente logo após a queda
natural. Para evitar acidentes, nesta ocasião recomendase
o uso de capacetes, devido ao peso dos frutos.
As sementes não toleram dessecamento, portanto
recomenda-se o seu transporte em sacos plásticos.
Informativo Técnico
Versão impressa ISSN 1679-6500 Versão on-line ISSN 1679-8058
Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia Nº 1, 2003
Beneficiamento
A extração das sementes deve ser feita o mais breve
possível, abrindo as cápsulas através de um leve impacto
e liberando as sementes manualmente. Foi registrada a
produção de até 180-200kg de sementes/planta/ano. O
teor de água das sementes recém-coletadas varia entre
42 e 55%, 1000 sementes pesam entre 20 e 33kg e 1kg
pode conter 30-50 sementes.
Armazenamento das sementes
As sementes são recalcitrantes, sendo que o
dessecamento abaixo de 20% de água é letal. Atualmente,
o melhor resultado foi obtido com sementes recémcoletadas
armazenadas com alto teor de água, por 7
meses, em sacos plásticos finos sob ambiente com arcondicionado
(24% de germinação) ou em câmara úmida
a 12ºC (39% de germinação); as sementes mantidas em
geladeira não sobreviveram.
Germinação das sementes
A germinação é hipógea e criptocotiledonar.
Normalmente, não se aplica tratamento pré-germinativo.
Conforme a procedência, há variação na espessura do
tegumento, que pode retardar o processo de germinação.
Em laboratório, o tegumento pode ser retirado após leve
secagem à sombra por cerca de 2 dias, facilitando o seu
desprendimento manual. Dependendo da espessura do
tegumento, o processo de germinação inicia-se entre 6 e
26 dias e pode apresentar elevada taxa de germinação
(>90%), após alguns meses. A semeadura pode ser feita
em sementeira, contendo areia ou solo, ou diretamente
em sacos plásticos contendo solo.
Propagação vegetativa
Não foram encontradas informações sobre métodos
vegetativos.
Produção de mudas no viveiro
Recomenda-se utilizar substrato rico em material
orgânico. A partir de 4 meses, as mudas podem ser
transferidas para o local definitivo. Devido ao tamanho
das sementes e ao rápido desenvolvimento das plântulas,
a semeadura direta no campo é outro método fácil e
eficiente, quando não há risco de predação.
Fitossanidade
A broca Hypsipyla ferrealis infesta principalmente o
fruto, danificando as sementes. Recomenda-se colocar
as sementes, após a sua extração do fruto, imersas em
água, por pelo menos 24 h, para eliminar as larvas por
afogamento. O plantio pode sofrer o ataque da brocado-
ponteiro (Hypsipyla grandella), mas em menor
intensidade que os de cedro ou de mogno. Plantios em
ambientes abertos são significativamente mais atacados
por insetos do que os de ambientes sombreados.
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