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11.10.08
Leucena
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.
Nomes Comuns: Leucena, Wild Tamarind, Koa haole
Familia: Mimosaceae
Origem: América Central e Caribe, México.
Descrição e Fenologia da Espécie
Arbusto ou árvore pequena, entre 5 e10 m de altura. Folhas alternas bipinadas, com 25 cm de comprimento; entre 4-9 pares de pinas, com 8-10 cm. Entre 11-17 pares de folíolos, de 9-12 mm, opostos, lanceolados, acuminados; de coloração verde-acinzentada. Inflorescência globosa, com pedúnculo de 5-6 cm de comprimento. As flores possuem corola e estames brancos; cálice com 2,5 mm, pétalas lineares; estames em número de 10 com aproximadamente 1 cm de comprimento, anteras pilosas. Ovário fracamente pubescente no ápice. Vagens agrupadas, lineares, achatada, com 10-15 cm de comprimento e 2 cm de largura, marrom-escura, com um bico no ápice; cada vagem contém aproximadamente 20 sementes de coloração marrom brilhante, oblonga-oval, achatada, com 6 mm de comprimento (Stone, 1970).
Ecologia da Espécie
Espécie muito prolífera e de rápido crescimento. Propaga-se exclusivamente por sementes, que são dispersadas principalmente por pássaros.
Faz auto-fecundação, de forma que até mesmo indivíduos isolados produzem sementes. Há um percentual pequeno de fecundação cruzada e são polinizadas por um número grande de insetos generalistas, incluindo abelhas de pequeno e grande porte (Global Invasive Species Database).
Floresce e semeia continuamente ao longo do ano, desde que haja umidade. Combinada à característica de auto-fecundação, o processo resulta na produção abundante de vagens e sementes (Global Invasive Species Database).
Regenera-se rapidamente após queimadas ou corte. As árvores têm vida curta, entre 20 e 40 anos, porém o banco de sementes tem longa viabilidade no solo, entre 10 e 20 anos (Global Invasive Species Database). Cada planta pode produzir até 2000 sementes por ano.
Uma vez estabelecida, é de difícil erradicação. Rebrota vigorosamente se cortada e requer tratamento químico.
Ambientes Preferenciais Para Invasão
Geralmente favorecida por solos calcários e degradados, sendo encontrada em ambientes secos e mésicos. É largamente encontrada ao longo de rodovias, em áreas degradadas, em áreas agrícolas, em pastagens e em afloramentos rochosos. Em áreas degradadas não chega a ser dominante, contudo nos outros casos, sim (Wagner et. al., 1999).
A espécie faz parte da lista de 100 mais agressivas espécies invasoras do planeta, da IUCN (União Mundial para a Conservação da Natureza).
Ocorrências Conhecidas
Leucaena leucocephala é largamente difundida no mundo sendo uma espécie extremamente problemática na Polinésia, Micronésia, Samoa Americana, ilhas Cook, ilhas Mariana, ilhas Galapagos, ilhas Marshall, Papua Nova Guiné, Palau e na costa do pacífico da Austrália, Cambódia, China, Indonésia, Irian Jaya, Malásia, Filipinas, Japão (ilha Ryukyu), Taiwan, Tailândia, Vietnã.
Na África, é invasora em Ghana, Seychelles, ilhas Reunião, África do Sul e Tanzânia.
Nas Américas, no México e na Califórnia e Havaí, Estados Unidos.
Além de ser particularmente freqüente na região sul e sudeste, onde pode ser encontrada invadindo áreas de pastagem, beira de estradas, pomares, lavouras perenes e terrenos baldios (Lorenzi, 2000).
Está adaptada como invasora também na caatinga nordestina, junto com outras espécies introduzidas para forragem, assim como em outros ambientes brasileiros.
Impactos
Forma denso aglomerados, excluindo todas as outras plantas e impedindo a circulação da fauna. Foi plantada para servir como forrageira mas, ao menos que seja roçada ou controlada, propaga-se rapidamente para áreas adjacentes (Smith, 1985). Seu controle é extremamente trabalhoso e oneroso em função da resistência da espécie a roçadas e ao fogo e ao banco de sementes de longa viabilidade no solo.
Possui altos teores de mimosina, substância tóxica aos animais não ruminantes se ingerida em grandes quantidades, que causa a queda de pêlos (Franco & Souto, 1986).
Manejo e Controle
Controle mecânico: Pode ser realizado com inúmeras roçadas sempre antes do início da produção de sementes ou, segundo Motooka et. al. (2002), com o manejo de bodes e cabritos, que se alimentam da espécie.
Controle químico: Deve ser feito com herbicida triclopir através de aspersão foliar. O herbicida também pode ser aplicado diretamente nos troncos, imediatamente após o corte, diluído 50% em óleo diesel. E, em alguns casos, apenas o óleo diesel aplicado imediatamente após o corte, se mostrou efetivo (Motooka et al., 2002).
Controle Biológico: Foi testada a eficácia do inseto Psyllide Heterophylla cubana na África do Sul e chegou-se à conclusão que o inseto pode causar defoliação cíclica das plantas, porém não as elimina, tendo resultados pouco efetivos (Global Invasive Species Database).
Toda ação de controle químico requer uso de equipamento adequado e material de segurança, como luvas e máscara. Seguir sempre as instruções do fabricante e proceder à devolução da embalagem.
Referências
FRANCO, A. A.; SOUTO, S. M. Leucaena leucocephala – uma leguminosa com múltiplas utilidades para os trópicos. Comunicado técnico: EMBRAPA – UAPNPBS. n. 2. 1986. 7p.
GLOBAL INVASIVE SPECIES DATABASE. www.issg.org
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3 ed. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 2000. P. 402.
MOTOOKA, P. L.; CASTRO, D. N.; Nagai G.; Ching, L. Weeds of pastures and natural areas of Hawaii and their management. 2002. In press.
PIER - Pacific Island Ecosystems at Risk. Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, Mimosaceae. Disponível em: http://www.hear.org/pier/leleu.htm Acessado em: 28/X/2003.
SMITH, C .W. 1985. Impact of alien plants on Hawai‘i's native biota. In: Charles P. Stone and J. Michael Scott, eds.. Hawai‘i’s Terrestrial Ecosystems: Preservation and Management. Cooperative National Park Resources Studies Unit, University of Hawaii, Manoa. p. 193.
STAPLES, W. S.; COWIE, R. H. Hawai`i's invasive species. Mutual publishing and Bishop museum press. 2001. p. 85-86.
STONE, B. 1970. The flora of Guam. Micronesica 6. p.299-300.
Fact sheets provided by The Horus Institute for Environmental Conservation and Development (Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental)
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