20.5.06

Erva-baleeira (Cordia verbenacea)

Uma planta nativa da Mata Atlântica, conhecida pelo nome de erva-baleeira ou maria-milagrosa, é a base de um antiinflamatório que já recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está previsto para chegar às farmácias ainda neste ano de 2005. No entanto, há séculos, nossos indígenas já sabiam disso: registros na obra "De Medicina Brasiliensi", de Gulielmus Piso, indicam que os indígenas brasileiros utilizavam esta planta como um poderoso antiinflamatório. Ainda hoje, a medicina popular se rende aos poderes da erva-baleeira, especialmente nas comunidades litorâneas, onde ela é usada na forma de pomada, extrato ou folhas maceradas para curar ferimentos provocados por acidentes com peixes nas pescarias. Especula-se, inclusive, que o nome "baleeira" seja inspirado justamente nesta associação com o uso da planta por pescadores e por ser abundante nas regiões litorâneas.
Seu uso popular é largo e variado: é usada contra artrite, reumatismo, artrose, contusões e em todo tipo de inflamação, inclusive na forma de bochechos para aliviar dores de dente e tratar inflamações bucais. Além disso, é indicada contra úlceras. Seus poderes como cicatrizante e antiinflamatória é que fizeram a fama desta planta. Em algumas regiões, as folhas da erva-baleeira são cozidas e aplicadas sobre feridas para acelerar a cicatrização.
Substâncias poderosas
Segundo José Roberto Lazzarini, diretor médico e de pesquisa e desenvolvimento da Aché, empresa que vai lançar o antiinfamatório à base de erva-baleeira, em forma de creme com o nome comercial de Acheflan, "trata-se do primeiro antiinflamatório tópico feito a partir do extrato de uma planta brasileira - existem antiinflamatórios de plantas medicinais, mas de outras origens, como África e outros países".
Patenteado no Brasil e no exterior, o novo produto pertence à classe dos fitomedicamentos, fármacos que têm em sua composição apenas substâncias ativas extraídas de plantas. Pela regulamentação da Anvisa, eles nunca podem ser misturados a princípios ativos sintéticos, vitaminas ou minerais. Além disso, as mesmas normas aplicadas para a produção de medicamentos devem ser seguidas para a produção de fitomedicamentos, como a comprovação de eficácia e de segurança.
O processo de pesquisa e desenvolvimento do novo medicamento levou sete anos, investimentos na ordem de R$ 15 milhões e envolveu pesquisadores de três universidades nacionais como Unicamp, Unifesp e PUC-Campinas.
Há mais de 12 anos, o farmacologista Jayme Sertié, da Universidade de São Paulo, coordenou uma equipe que isolou a Artemetina - substância (flavonóide) presente nas folhas da erva-baleeira, que apresenta poderosa ação antiinflamatória e cicatrizante. Além da Artemetina, análises dos componentes orgânicos desta planta revelou a presença de outros flavonóides, triterpenos, óleo essencial, alontóina, açúcares.
A planta
A erva-baleeira (Cordia verbenacea) é uma planta da Família das Borragináceas, originária de áreas litorâneas da América do Sul. Ela ocorre em todo o território brasileiro. Popularmente ela recebe outros nomes: maria-milagrosa, baleeira, maria-preta, salicina, pimenteira e catinga-de-barão. Em algumas regiões, ela recebe o nome de catinga-de-mulata, porém, este nome popular refere-se à outra planta também medicinal, o tanaceto (Tanacetum vulgare L.)*. (Ver explicação no final da matéria)
Detalhe da floração da erva-baleeira
Arbusto que atinge cerca de 2 metros, a erva-baleeira apresenta folhas compridas (com até 12 cm de comprimento), ásperas, com odor forte e persistente. As inflorescências surgem nas extremidades dos ramos, em forma de espigas curvadas para baixo, com flores brancas e miúdas. Os frutos, quando maduros, são vermelhos e medem aproximadamente 0,4 cm. Embora o aroma desta planta seja considerado um tanto desagradável (o que pode ter inspirado o nome "catinga-de-barão"), era costume nas cidades do interior usar as espigas floridas para varrer os fornos de barros antes de se fazer um assado.
A erva-baleeira se reproduz por meio de sementes ou de mini-estacas das pontas dos ramos de mudas com mais de três anos de idade. As estacas devem ser plantadas diretamente num substrato composto de 2 partes de areia e 1 parte de terra vegetal.
* A Catinga-de-mulata (Tanaceum vulgare L.) é conhecida popularmente como atanásia, atanásia-das-boticas, erva-dos-vermes, tanaceto, erva-lombrigueira, erva-de-são-marcos. Na medicina popular, esta erva é utilizada como anti-helmíntica. A catinga-de-mulata tem a propriedade de paralisar os vermes intestinais (lombrigas e oxiúros) e ajudar a eliminá-los. Outros usos populares desta erva são na eliminação de furúnculos e no clareamento de manchas na pele. No Brasil, esta planta é muito utilizada para repelir insetos: as pessoas plantam-na em volta da casa para afastar os insetos em geral.

17.5.06

MIL-FOLHAS

Achillea millefolium L. - MIL-FOLHASAchillea millefolium L. - MIL-FOLHAS

Nome científico: Achillea millefolium L.

Família: Asteraceae.

Sinônimos botânicos: Achillea borealis subsp. Arenicola (Pollard) D.D. Keck,
Achillea borealis subsp. Californica (Pollard) D.D. Keck, Achillea lanulosa
Nutt., Achillea lanulosa subsp. Alpicola (Rydb.) D.D. Keck, Achillea laxiflora
Pollard & Cockerell, Achillea millefolium subsp. Lanulosa (Nutt.) Piper,
Achillea millefolium var. Alpicola (Rydb.) Garrett, Achillea millefolium var.
Arenicola (A. Heller) Nobs, Achillea millefolium var. Californica (Pollard)
Jeps., Achillea millefolium var. Gigantea (Pollard) Nobs, Achillea millefolium
var. Lanulosa (Nutt.) Piper, Achillea millefolium var. Litoralis Ehrend. Ex
Nobs, Achillea millefolium var. Pacifica (Rydb.) G.N. Jones, Achillea
millefolium var. Puberula (Rydb.) Nobs, Achillea pecten-veneris Pollard

Outros nomes populares: alevante, anador, aquiléa, aquiléia,
aquiléia-mil-flores, aquiléia-mil-folhas, atroveran, botão-de-prata,
erva-carpinteira, erva-carpinteiro, erva-das-cortadelas, erva-das-damas,
erva-de-carpinteiro, erva-de-cortadura, erva-de-são-joão, erva-do-bom-deus,
erva-do-carpinteiro, erva-dos-carreteiros, erva-dos-cortadores, erva-dos-golpes,
erva-dos-militares, erva-dos-soldados, levante, macelão, marcelão, mil-em-rama,
mil-ramas, milefólia, milefólio, mil-em-rama, mil-em-ramas, milfolhada,
mil-folhada, milfólio, mil-ramas, mil-ramos, novalgina, pêlo-de-carneiro,
pestana-de-vênus, ponta-livre, prazer-das-damas, pronto-alívio,
salvação-do-mundo; mil en rama (espanhol), mille-feuilles (francês), yarrow
(inglês), millefoglio (italiano).

Constituintes químicos: achileína, achilina, ácido aquilêico, ácido caféico,
ácido clorogênico; ácido fórmico, ácidos graxos; ácido isovalérico, ácido
mirístico, ácido salicílico, açúcares; alcalóides; aminoácidos; aquineína,
azulenos, bataínas, betaína, borneol, pró-camazuleno, canfeno, cânfora,
p-cimeno, cineole, cumarinas, derivados terpênicos e sesquiterpênicos, eugenol,
fitosterol; flavonóides (apigenina, epigenol, luteolina e seus glicosídeos,
artemetina, rutina, tuteolol); formaldeído, furfural, glicosídeos amargos,
heterosídeos cianogênicos; inulina, lactonas sesquiterpênicas; limoneno,
linalol, milefina, minerais: P e K; mucilagens; óleo essencial (cineol,
proazuleno); a-pineno, ß-pineno, quercetina, quercitrina, resina, sabineno,
tanino, a-terpineno, trigonelina, a-tujona, vitamina C;

Propriedades medicinais: adstringente, amarga, analgésica, antibiótica,
anticaspa, anticelulítica, antidispéptica, antiespasmódica, anti-helmíntica,
anti-hemorrágica, anti-hemorroidária, antiinflamatória, antimicrobiana,
antiperspirante, antipirética, anti-reumática, anti-séptica, aperiente,
aromática, carminativa, cicatrizante, colagoga, colerética, diaforética,
digestiva, diurética, emenagoga, estimulante, estomáquica, eupéptica,
expectorante, hemostática, hepática, hipotensiva, refrescante, restabilizante da
circulação sangüínea, tônica, vulnerária.

Indicações: abcesso, acne, adinamia, adstrição; afecções da pele (abscessos,
feridas, eczemas, etc.); afecções urinárias, alopecia, amenorréia, cálculo
renal, calmante, cefalalgia; circulação, cólicas menstruais, contusões,
pulmonares e dérmicas; debilidade geral, depurar o sangue, desentoxicar o
organismo, diarréia, distúrbios nervosos, dores de cabeça; dores de estômago e
de dente; eczema, enurese nas crianças; escarlatina, escarros; espasmos
gastrintestinais e uterinos; falta de apetite, febre intestinal e intermitente,
feridas, fígado, fissuras anais, flatulência, gastrite, golpes, gota, greta;
hemorragias nazal, uterinas e dos pulmões; hemorróidas, incontinência urinária;
inflamação das mucosas da boca, gástricas e intestinais; inflamações e
rachaduras na pele, insônia, intestinos, má digestão, manchas, mucosidade
intestinal, pleuris, poros dilatados, problemas digestivos, problemas de
secreção da bile, psoríase, queimaduras, regularizar a menstruação, resfriado,
rins, sardas e manchas na pele, sarna, transpiração nos pés; trombose cerebral e
coronarianos; tumores, úlceras, úlcera gástrica, varizes, vesícula, vômitos
sangüíneos.

Aromaterapia: eliminar impurezas, estados de depressão e cansaço.

Parte utilizada: flores, folhas, caules, rizomas.

Contra-indicações/cuidados: mulheres em lactação e gestantes. Evitar a ação do
sol na epiderme molhada com o suco da planta fresca. Há possibilidade de
intoxicação de animais domésticos. Não deve ser tomado em doses fortes nem
durante um período prolongado.

Efeitos colaterais: pode causar irritação dérmica com coceira e inflamação,
podendo levar à formação de pequenas vesículas, inflamação ocular, dores de
cabeça e vertigens. O uso durante a gravidez, pode provocar sangramentos.

Modo de usar:
- Uso interno:
- crua, picada, em saladas ou como acompanhamento de pão e manteiga: desintoxica
o organismo, depura o sangue e ativa as funções renais; perturbações gástricas,
diarréia, gases intestinais, hemostático, dores da menstruação;
- Infusão de 10 a 15g da erva fresca (seca 2 a 4 g) em 1 litro de água, tomar 3
xícaras ao dia;
- infusão das flores: gastrite e úlcera gástrica;
- tintura em álcool 45%: 2 a 4mL, três vezes ao dia;
- extrato fluido em álcool 25%: 2 a 4mL, três vezes ao dia;
- xarope: 20 a 50mL por dia;
- maceração de 5 g em 100 ml de vinho branco por 10 dias. Tomar um cálice
pequeno 2 ou 3 vezes ao dia;
- decocção de 2g da raiz seca em um litro de água. Tomar 3 xícaras ao dia:
nervosismo e esgotamento físico e mental.
- uso Externo:
- decocção ou infusão: 10 a 15g de erva em 1 litro de água. Massagear o couro
cabeludo contra queda de cabelos e calvice;
- decocção ou infusão: 25 a 30g da planta por litro de água: feridas etc.;
- sumo: lavar a planta, retirar o sumo e aplicar sobre ferimentos e ulcerações;
- pomadas anti-reumáticas;
- supositórios: anti-hemorróidas;
- compressas ou cataplasmas: aplicar a planta fresca sobre o local afetado
(feridas e úlceras).
- ablução: macerar 100g de flores e 100g de folhas durante 1 dia em 2 litros de
água. Após, aquecer, sem ferver, e aplicar na área afetada por 15 minutos:
hemorróida;
- loções, fomentações e cataplasmas: afecções dérmicas e machucaduras;
- pó das folhas e flores secas e pulverizadas: feridas recalcitrantes;
- peles oleosas acnéicas: massagens e banhos relaxantes e descongestionantes;
- produtos infantis: cremes, xampus e loções: 1 a 5%;
- extrato glicólico: tônicos capilares, xampus e produtos para banho de espuma:
2 a 5%;
- usos específicos:
- varizes: decocção de 10g de flores em ½ litro de água. Esquentar em fogo
brando por 30 minutos. Tomar 2 xícaras pela manhã, em jejum, e outra à noite.
Aplicar compressas mornas no local afetado, 2 vezes ao dia.
- ferimentos: Aplicar infuso com gaze ou aplicar as próprias folhas e flores
frescas, limpas e esmagadas sobre as lesões Xampú para fortificar.
- hemorróidas, fazer banho de assento por 7 dias e toma-se o chá fraco;