19.2.06

PAU-BRASIL

Caesalpinia echinata Lam.
Família Leguminosae-Caesalpinioideae

O pau-brasil é uma espécie típica da Floresta Atlântica e originalmente ocorria no Brasil, desde o litoral do Rio Grande do Norte até a costa do Rio de Janeiro numa faixa de 3.000 km de extensão.
Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, encontraram uma grande quantidade dessa árvore, já conhecida na Europa, e há muito utilizada pelos índios para a extração de pigmentos. Tal era a abundância desta espécie que o país foi chamado de Brasil.
O nome "brasil" se deve ao tronco de cor avermelhada, lembrando brasa, de onde se extraía a tinta vermelha, usada para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. A madeira era utilizada para a produção de todo o tipo de móveis e utensílios.
O Brasil é o único país que leva o nome de uma planta, retrato da grande importância desta espécie, que sofreu intensa exploração durante o período da colonização, e que, hoje, encontra-se na lista oficial da flora brasileira ameaçada de extinção. Outras espécies da Floresta Atlântica também correm risco, pois esse bioma já sofreu uma destruição de 93% de sua área original. Dos locais de ocorrência natural do pau-brasil, atualmente restam apenas pequenos fragmentos no sul da Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, sendo muito rara em outros estados.
Quando adulto, o pau-brasil, pode atingir 30 metros de altura e 1,5 m de circunferência. É uma espécie típica do interior de floresta primária, sendo rara nas formações secundárias, ou seja, dificilmente reaparece de forma natural nos locais de onde foram retiradas ou em locais onde a floresta foi alterada. O pau-brasil é uma planta que tolera sombreamento, não perde sua folhagem no período do outono e é pouco tolerante a baixas temperaturas. Sua madeira é muito resistente, suas flores são amarelo-douradas apresentando uma pétala maior ao centro, manchada de vermelho-escuro, que funciona como sinalizador para os insetos polinizadores. O período de floração varia em cada região, porém normalmente ocorre de setembro a novembro. Os frutos, em forma de vagem, amadurecem entre meses de outubro a janeiro. A árvore torna-se adulta, para o processo reprodutivo, a partir do terceiro ou quarto ano de vida e pode atingir cerca de 300 anos de idade.
A lei 6.607 de 7 de dezembro de 1978, elegeu o pau-brasil como árvore nacional.
A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza , criada em 1990, tem por missão promover e realizar ações de conservação da natureza para garantir a vida na Terra. Através de seu programa de Incentivo à Conservação da Natureza apoia projetos de pesquisa na área de conservação em todo o Brasil, inclusive para conservação de espécies arbóreas.

Leitura Recomendada e bibliografia utilizada
Lorenzi. H. Árvores Brasileiras. V. 1. São Paulo: Editora Plantarum, 1992.
Mello Filho, L. E., Lorenzi H. As Plantas Tropicais de R. Burle Marx. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2001
www.institutopaubrasil.org.br
www.canalkids.com.br

Ipê

Ipê Amarelo
Nome científico: Tabebuia Chrysotricha Morfologia: Altura de 4-10m, com tronco de 30-40cm de diâmetro. Ramos novos e pecíolos cobertos por densa pubescência ferrugínea. Ecologia: Planta decídua, heliófita, característica de formações abertas de floresta pluvial do alto da encosta atlântica. Sua dispersão é descontínua e irregular.Fenologia: Floresce durante os meses de agosto-setembro, geralmente com aplanta totalmente despida de folhagem. Os frutos amadurecem a partir do final de setembro a meados de outubro.

Ipê Roxo
Nome científico: Tabebuia impetiginosa
Morfologia:Altura de 20 à 30m, tronco de 60 à 90cm de diâmetro. Folhas compostas pentafoliadas.
Ecologia: Planta decídua durante o inverno, heliófita característica das florestas semidecíduas e pluviais. Tem ampla dispersão, porém descontínua. Ocorre tanto na floresta primária densa como nas formações secundárias abertas.
Fenologia: Floresce de maio a agosto com árvore totalmente despida e folhagem. Os frutos amadurecem em setembro-outubro.

Ipê Branco
Nome científico: Tabebuia roseo-alba
Morfologia: Altura de 7-16m, com tronco de 40-50cm de diâmetro. Folhas compostas trifolioladas.
Ecologia: Planta decídua, heliófita e seletiva xerófita, característica de afloramentos rochosos e calcários da floresta semidecídua. Ocorre tanto no interior da mata primária como nas formações secundárias.
Fenologia: Floresce principalmente durante os meses de agosto-outubro com a planta totalmente despida da folhagem. Os frutos amadurecem a partir de outubro

14.2.06

Ayahuasca ou Santo Daime

Outros nomes: yajé, caapi, vinho de deus (vine of gold), natema, pindé, kahi, mihi, dápa, bejuco de oro, vine of the spirits, vine of the soul e a transliteração para a língua portuguesa resultou em hoasca. Também é conhecida amplamente no Brasil como "chá do Santo Daime" ou "vegetal". Na linguagem Quéchua, aya significa espírito ou ancestral, e huasca significa vinho ou chá (Luna & Amaringo, 1991; Grob et al., 1996).

O QUE É?
O Daime (ou Ayahuasca, Uasca ou Santo Daime) é uma mistura de duas plantas (Cipó Mariri e Chacrona) que, depois de cozidas, resultam num chá alucinógeno que normalmente evoca visões e imagens religiosas (a chamada "miração"), costumando por vezes provocar vômitos em quem toma (por isso os locais onde a beberagem é consumida são equipados de algum tipo de "vomitório").

A ORIGEM
A ingestão ritual de Ayahuasca por parcelas da população urbana inicia-se no Brasil, na década de 30, em Rio Branco, Acre, com o culto ao Santo Daime, sistematizado por Raimundo Irineu Serra, que atribuiu à Ayahuasca a denominação "Santo Daime" e fundou o "Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - CICLU Alto Santo". No final da década de 60, em Porto Velho, Rondônia, José Gabriel da Costa organizou outro grupo ayahuasqueros, denominando-o "União do Vegetal", visto que nele a ayahuasca é chamada de vegetal. O processo de divergências e de desdobramentos dos núcleos originais propiciaram a expansão das religiões ayahuasqueros por grande parte do território nacional e mesmo pelo exterior.
As religiões ayahuasqueros estão atualmente polarizadas em duas "linhas":
Uma a do Mestre Irineu, fundador da seita. Não admitem incorporação, praticando estritamente o xamanismo, e não aderem e nem mesmo toleram o uso de outros psicoativos que não a Ayahuasca.Outra a do Padrinho Sebastião Mota, do CEFLURIS (dissidência do CICLU). Esse grupo atraiu acadêmicos, jornalistas, artistas, estudantes e diferentes categorias de profissionais liberais empenhados em torná-lo objeto de estudo, notícia ou modo de vida.
Algumas conseqüências decorreram dessa aliança, entre elas a adoção pela "linha" de Sebastião, de muitos dos costumes e crenças dos jovens urbanos, a exemplo do controvertido uso "ritual" da Cannabis sativa (Maconha, que é chamada por eles de "Santa Maria") e Cocaína (conhecida como "Santa Clara").
Fica aqui o alerta aos pais: se seu filho (a) enveredar em qualquer uma dessas, procure ir com ele, mesmo que não beba o chá. Procure conhecer as práticas, e principalmente os freqüentadores destes locais. Um grupo que se reúne regularmente pra tomar alucinógenos NÃO PODE atrair boa gente, mesmo que o objetivo deles seja bom. Do uso da Ayahuasca para drogas mais pesadas é um pulo! Tanto isso é verdade, que mesmo na linha de Irineu, que não permite outras drogas, já teve membros presos no exterior por tráfico de drogas. Trust no one.
Lázaro explica:
"No contexto xamânico de vários povos as ervas são usadas em eventos com conotação espiritual, visando uma determinada iniciação dentro daquele nível. Já no contexto urbano, pode ser usado como fuga da realidade. Conheço vários casos assim: as pessoas usavam porque não agüentavam conviver com um nível de realidade duro como a vida física na Terra. A substância acelera o acesso ao inconsciente, com tudo de bom ou de doentio que estiver ali. Pode ser interessante para alguns, sagrado para outros. Mas como tudo que tira a consciência do normal, e/ou altera abruptamente os estados cerebrais, tem seus preços. Neurológicos e, principalmente, psicológicos. A mente tende sempre à compensação. O uso excessivo de Prozac, por exemplo, leva a pessoa à depressão. Café demais excita, e quando passa o efeito, você se sente cansado. Cocaína deixa a pessoa entusiasmada, mas a compensação disso a faz insegura quando não usa a substância. TUDO na mente humana é assim, e o preço do acesso "espiritual" do daime é CARÍSSIMO, em termos psicológicos posteriores. A não ser, claro, que a pessoa tome mais, para ter de novo o acesso e miração, e assim sucessivamente. Dependência psicológica. E depois, sem o "espiritual" miraculoso, a vida "comum" passa a ser mais e mais vulgar. E começa tudo outra vez. Com o agravante de que até mesmo as formas de contato espiritual parecerão fúteis, afinal, como comparar com o barato do daime? Então, essa é uma droga que rouba do dependente até mesmo o seu direito à conexão espiritual...".

História As origens do uso da Ayahuasca na bacia Amazônica remontam à Pré-história. Não é possível afirmar quando tal prática teve origem, no entanto, há evidências arqueológicas através de potes, desenhos que levam a crer que o uso de plantas alucinógenas ocorra desde 2.000 a.C.
No século XVI, há relatos de que os espanhóis e portugueses detentores das florestas do Novo Mundo observaram a utilização de bebidas na cultura indígena e recriminaram-na: "quando bêbados, perdem o sentido, porque a bebida é muito poderosa, por meio dela comunicam-se com o demônio, porque eles ficam sem julgamento, e apresentam várias alucinações que eles atribuem a um deus que vive dentro destas plantas" (Guerra, 1971).
O uso destas plantas foi condenado pela Santa Inquisição em 1616, o cerimonial persistiu de forma escondida dos dominadores Europeus. Os padres jesuítas descreveram o uso de "poções diabólicas" pelos nativos do Peru no século XVII.
A história moderna da Ayahuasca começa em 1851 quando o botânico inglês R. Spruce noticia o uso de bebidas que intoxicam entre os índios Tukanoan, no Brasil. Estes convidaram-no a participar de uma cerimônia que incluía a infusão que eles chamavam "caapi". Spruce apenas tomou uma pequena quantidade daquela "nauseous beverage", mas não se deu conta dos profundos efeitos que ela teve sobre seus amigos. Os Tukanoans mostraram a Spruce a planta da qual caapi derivava, e ele coletou espécies da planta e das flores. Spruce chamou-a de Banisteria caapi, e estudos posteriores levaram-no a concluir que caapi, yajé e ayahuasca eram nomes indígenas para a mesma poção feita daquela videira. A Banisteria caapi de Spruce foi reclassificada como Banisteriopsis caapi pelo taxonomista Morton em 1931.
Em 1858, Spruce encontrou a mesma planta sendo usada na tribo Guahibo, na margem superior do rio Orinoco, na Colômbia e Venezuela, e, no mesmo ano, entre os Záparos dos Andes Peruanos, que denominavam-na Ayahuasca.
Simson's, em 1886 foi quem primeiro observou a mistura das plantas na confecção da Ayahuasca. Apesar da coleta e identificação da Ayahuasca datar de 1851, os alcalóides já eram conhecidos desde a primeira metade do século XIX, o que se deve à facilidade de extração dos mesmos, bem como aos possíveis usos clínicos: logo, a Harmalina foi isolada da Peganum harmala em 1840. Sete anos depois, a Harmina foi identificada. A "telepatina" – harmina - foi identificada na "yajé" em 1905 (Zerda e Bayon).
O começo do século vinte foi marcado por mais confusão do que esclarecimentos acerca da Ayahuasca, muitos identificaram-na, equivocadamente, do ponto de vista da botânica. Até que, em 1939, Chen & Chen descobriu que tanto a caapi, yajé e ayahuasca eram a mesma bebida. Foram estes mesmos pesquisadores que confirmaram que a harmina, telepatina e banisterina eram a mesma substância.
Em 1957, Hochstein and Paradies encontraram, além de Harmina, também Harmalina e Tetrahidroharmina. Em 68, identificou-se a N,N dimetiltriptamina (DMT) como outro alcalóide deste chá. Este já havia sido sintetizado em 1931, porém só foi identificado como substância natural em 1955, na planta Piptadenia peregrina (Anadenanthera peregrina).
Os princípios da ação farmacológica da Ayahuasca foram traçados na década de 60 e sugeriam a interação das beta-carbolinas presentes na Banisteriopsis e do DMT proveniente da P. viridis. O estudo de Rivier & Lindgren identificou os alcalóides presentes na decocção em 1972, isto é: Harmina, Harmalina, Tetrahidroharmina e Dimetiltriptamina.
Antropologia e uso da Ayahuasca
Plantas com propriedades alucinógenas vem sendo utilizadas com finalidades místicas e religiosas em diferentes culturas primitivas (Andritzky, 1989; Callaway, 1996; Desmerchelier, 1996; Luna, 1984). Há relatos do uso das poções em toda a Amazônia, chegando à costa do Pacífico no Peru, Colômbia e Equador, bem como na costa do Panamá, sendo que foi reconhecida em pelo menos 72 tribos indígenas, com pelo menos 40 diferentes nomes.
Entre as diversas tribos da bacia Amazônica, a Ayahuasca é percebida como uma poção mágica inebriante, de origem divina, que "facilita o desprendimento da alma de seu confinamento corpóreo", voltando ao mesmo conforme a vontade e carregada de conhecimentos sagrados. Entre os nativos é usada para propósitos de cura, religião e para fornecer visões que são importantes no planejamento de caçadas, prevenção contra espíritos malévolos, bem como contra ataques de feras da floresta.
Antes da colonização européia, postula-se que as plantas inebriantes eram amplamente usadas com fins de bruxaria, rituais religiosos, cura e contato com forças sobrenaturais (Dobkin de Rios, 1972; Harner, 1973).
Entre os Tukanoans, o yajé é responsável pela arquitetura da tribo, pois as imagens geométricas induzidas pelo efeito do chá desempenham um importante papel na estrutura da vida cultural desta tribo, sendo que as experiências relacionadas à Ayahuasca pertencem a uma realidade mais nobre que a ordinária (Spruce, 1908).
Para os Cashinahua o uso da ayahuasca só deve ser feito em condições extremas, pois é considerada uma experiência desagradável e amedrontadora. Os índios Jivaro do Equador relatam que a experiência com Ayahuasca é a vida real, ao passo que a realidade cotidiana é apenas uma ilusão. As visões são guiadas e manipuladas pelos xamãs, o que resulta em visões grupais sintônicas, que são incluídas dentro dos rituais religiosos próprios destas culturas.
O uso da Ayahuasca sobreviveu aos ataques das culturas dominadoras e pouco a pouco se espalhou para os mestiços chegando enfim às pequenas cidades da região Amazônica. Nestas cidades o uso da bebida foi redimensionado, sendo que os xamãs da Amazônia Peruana referem-se a si mesmos como vegetalistas. Estes "plant-doctors" ajudam as pessoas das áreas rurais e as populações pobres da área suburbana que geralmente não têm outras opções em situações críticas na esfera da saúde física, mental e em "problemas sobrenaturais" (Luna, L. E., 1984).
Tais vegetalistas apresentam a tendência a especializarem-se em algumas poucas plantas e usam estes "ensinamentos" em sua prática. Assim, há tabaqueiros que usam tabaco, "toeros" que usam várias espécies de Brugmansia species; "catahueros" que usam resinas da catahua (Hura crepitans), "perfumeros" que usam diversas espécies de plantas com aromas fortes e por fim os "ayahuasqueros" que se utilizam da ayahuasca em seus rituais.
Os Xamãs usam a bebida em um contexto de cura. Eles tomam a Ayahuasca para melhor diagnosticar a natureza da doença do paciente. Vegetalistas podem receber o dom da cura por meio de espíritos da floresta e seu papel é o de, muitas vezes, intermediar a transmissão do conhecimento médico para o mundo dos humanos, possibilitando assim a cura.
Os espíritos "plant teachers" são responsáveis por ensinarem aos xamãs algumas músicas sobrenaturais chamadas "icaros", tanto dentro das sessões de ayahuasca quanto durante os sonhos que se seguem. Os "plant teachers" dão estas canções mágicas aos xamãs ou vegetalistas então estes podem cantá-las ou sussurrá-las durante a sessão de cura. Segundo a explicação dos xamãs, quando uma pessoa se torna doente, seu "padrão energético torna-se distorcido". Sob a influência da Ayahuasca, o xamã pode ver a distorção e corrigi-la através de massagens, sucção, plantas medicinais, hidroterapia e restauração da alma do doente.
A similaridade entre estes métodos xamãs e as técnicas orientais podem ser notadas. De forma interessante, os xamãs escolhem plantas medicinais baseados em características visuais, como formas e cores. Por exemplo, uma planta que produz flores de formas semelhantes a uma orelha pode e deve ser usada para tratamento de doenças relacionadas à orelha e audição. Parte do treinamento dos xamãs, logo, envolve a prática de reconhecer e aprender a respeito dos poderes das plantas e dos animais e suas "virtudes escondidas".
É digno de nota o fato de que muitos xamãs não usam os ensinamentos da Ayahuasca com pessoas que estejam doentes mentalmente.
Outra tentativa de uso curativo da Ayahuasca foi empreendido na província de San Martin, no Peru, na década de 80, por um grupo misto de médicos franceses e peruanos, na tentativa de facilitar o tratamento da dependência química à pasta de cocaína, sendo que não se conhece nenhum estudo científico controlado, que possa corroborar este resultado (Mabit, 1996).

Preparo O Chá do Santo Daime ou Vegetal é preparado do cipó do Jagube ou Mariri (Banisteriopsis caapi) e da folha da Rainha ou Chacrona (Psycotria viridis) - naturais da região amazônica. A bebida - também conhecida como Ayahuasca ou Yajé pelos índios e xamãs do noroeste do Brasil e das regiões a leste dos Andes - é certamente oriunda da tradução espiritual dos Incas.
Os métodos de preparo variam conforme a tradição de cada local e da ocasião em que o consumo se dá. De qualquer maneira, o processo é longo e leva quase um dia para o preparo. As diversas beberagens geralmente contêm talos socados do cipó caapi (Banisteriopsis caapi) mais as folhas da chacrona (Psichotria viridis).
Este nome, tanto se aplica à bebida preparada por meio da mistura da Banisteriopsis caapi e da Psichotria viridis, quanto à primeira das plantas. Apesar das variações acerca das plantas usadas, farmacologicamente, boa parte delas são similares. Nesta revisão, o termo ayahuasca será usado para designar a bebida resultante da decocção destas duas plantas combinação.
As diversas preparações geralmente contêm talos socados da Banisteriopsis caapi ou espécies correlatas mais às folhas da Psichotria viridis. As plantas adicionadas à Ayahuasca ajudam a maximizar as experiências de estimulação visual e as sensações de contato com forças e locais sobrenaturais e divinos. Os métodos de preparo variam conforme o grupo, como um chá quente ou amassando-se junto à água fria, deixando-se em descanso por aproximadamente 24 horas. É um processo longo que leva quase um dia para o preparo, o que torna a "tecnologia" de produção insuficiente para a produção de grandes quantidades (Karniol & Seibel, Parecer do Grupo de Trabalho, 1986).

OS EFEITOS
Algumas vezes pode ocorrer, associada à limpeza (vômitos), uma experiência de intenso sofrimento: a "peia", uma surra do Daime. A peia está associada também a outros processos fisiológicos incômodos ou aparece, ainda, sob forma de pensamentos ou sensações. Apesar de extremamente desagradável — incluindo visões aterradoras de monstros, vermes, trevas, sensação de morte ou medo intenso, enfim, toda classe de tormentos conhecidos ou não — a peia produziria efeitos benéficos, didáticos e transformadores.
Os defensores da planta dizem que ela provoca uma limpeza física ou energética do canal ou instrumento que a usa, "pois luz não habita em templo sujo". Então, se você estiver com problemas, numa baixa vibração, ou tiver ingerido carne ou comida pesada, vai vomitar copiosamente, ter diarréia de se acabar, ficar enjoado, etc. Só que qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de biologia sabe porque o organismo expulsa e rejeita certas substâncias estranhas, quando ingeridas...
Existem denúncias de que o uso deste chá faz mal, a longo prazo, tendo como um dos efeitos adversos o eventual retorno da "miração" nas horas mais inadequadas, e os mais puristas até alegam que o chá apresenta riscos para a tela búdica dos usuários, ou seja, pode fazer mal até nas próximas encarnações.
O chá contém dimetiltriptamina, ou DMT, uma substância controlada. O governo dos EUA afirma que seu uso é perigoso mesmo sob supervisão médica. Seu uso é proibido em países que possuem legislação anti-drogas, mas foi liberado no Brasil (http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/nov/08/177.htm) para uso religioso.
Advogados da União do Vegetal (UDV) dizem que especialistas atestaram que o chá é inofensivo.
"A DMT (dimetiltriptamina) é naturalmente excretada pela glândula pineal, e que desempenha um papel no processo de sonhar e possivelmente nas experiências próximas à morte e em outros estados místicos. A mistura das duas plantas potencializa a ação das substâncias ativas, pois o DMT é oxidado pela enzima Monoaminoxidase (MAO), a qual está inibida pela harmina, acarretando um aumento nos níveis de serotonina, o que causa impulsão motora para o sistema límbico no sentido de aumentar a sensação de bem-estar do indivíduo, criando condições de felicidade, contentamento, bom apetite, impulso sexual, equilíbrio psicomotor e alucinações".
Ou seja, você está ingerindo uma dose cavalar de uma substância que deveria ser naturalmente produzida pelo corpo, afetando uma parte importantíssima como o cérebro.
Lázaro, da lista Voadores (www.voadores.com.br), explica o processo:
"Há uma aceleração vibracional desordenada, onde cada chacra entra num estado vibracional de freqüência diferente. Não sei se isso é bom ou mal, se vale à pena ou não (essa resposta depende de cada um, e do que conseguirá com o processo), mas me parece um método estranho, que, alterando as freqüências vibracionais / conscienciais das corpóreas e cerebrais, só pode mesmo levar a uma saída (expulsão) do corpo físico. Além do mais, encontrei exatamente o que imaginava encontrar, do lado de lá; com detalhes de controle, e influências tanto projetivas reais quanto oníricas aceleradas pelo uso do FORTÍSSIMO alucinógeno”.
O chá de Santo Daime é um alucinógeno. Tal propriedade se deve à presença nas folhas da chacrona de uma substância alucinógena denominada N, N-dimetiltriptamina (DMT). O DMT é destruído pelo organismo por meio da enzima monoaminaoxidase (MAO). No entanto, o caapi possui uma substância capaz de bloquear os efeitos da MAO: a harmalina. Desse modo, o DMT tem sua ação alucinógena intensificada e prolongada.
Outras plantas amazônicas também possuem DMT e são utilizadas por diversas tribos indígenas como um modo de experiência religiosa. Entre estas estão a jurema (Mimosa hostilis) e o yopo (Anadenanthera colubrina). A jurema é consumida na forma de chá, enquanto as sementes do yopo são maceradas e seu pó, consumido pela via intranasal (cheirado).

Ayahuasca e religião
No século passado, além do consumo da mistura entre as populações indígenas, várias igrejas adotaram o uso da ayahuasca em rituais sincréticos, especialmente no Brasil, onde os efeitos psicoativos são acoplados a conceitos das doutrinas Judaica, Cristã, Africana entre outras. As principais religiões deste módulo incluem a UDV (União do Vegetal), CEFLURIS (Santo Daime), Barquinha e o Alto Santo (Labilgalini Junior, 1998).
O uso da hoasca dentro de tais contextos religiosos foi oficialmente reconhecido e protegido pela lei no Brasil em 1987. Tais seitas incluíram a Ayahuasca em seus rituais de comunhão como um simbolismo comparável ao "pão e vinho". Estas igrejas argumentam que a poção ajuda a promover concentração pronunciada e contato direto com o plano espiritual. Segundo a União do Vegetal, a beberagem é o "veículo, meio" da ação religiosa e não o fim.
Calcula-se que o número de pessoas que fazem uso regular da Hoasca (i.e., aproximadamente 1x/mês), na América do Sul, excluindo-se as populações indígenas, poderia chegar a 15.000, isto em 1997 (Luna, L. E., 1997).
A primeira destas igrejas começou a ser formada na década de 1920 no Brasil, e hoje dois grupos, a União do Vegetal (UDV or 'Herbal Union') e o Santo Daime, continuam em amplo processo de crescimento. Estas igrejas neocristãs espalham-se pelas áreas urbanas das grandes cidades, em rituais que se repetem em geral uma vez por semana ou quinzena. Os membros da igreja cultivam as plantas necessárias ao feitio do chá, supervisionam seu preparo e estocagem. Em algumas religiões não é incomum que membros da seita, dado a longa duração dos cultos, tomem várias doses durante o curso de uma noite.
A UDV é a maior e mais organizada destas religiões e não permite o uso de Ayahuasca por pessoas que não sejam membros já efetivos da seita. É também contrária a uso de drogas bem como ao uso da Ayahuasca fora do contexto religioso, pois a considera "inadequada ao uso indiscriminado por parte de pessoas não-iniciadas e sem a orientação de um dirigente religioso". Enquanto o uso regular da Ayahuasca ocorre raramente entre os indígenas - mesmo que a considerável porcentagem destes tenham-na experimentado em alguma fase de suas vidas - entre os membros das igrejas o consumo é estável numa base semanal ou quinzenal, dentro dos contextos cerimoniais.
Dentro da perspectiva religiosa, o potencial de expansão das seitas que usam ayahuasca é largo. Através da incorporação de uma substância psicoativa de tal peso em cerimônias religiosas podem ser alcançados efeitos nas práticas religiosas antes inexeqüíveis.
O relator do processo de investigação, Domingos Carneiro de Sá, explicou que o fato fundamental para a liberação da bebida foi o comportamento dos daimistas e a seriedade dos centros que utilizam o chá em seus rituais.
Desde o início do século, nos contatos culturais entre seringueiros e índios, a Ayahuasca passou a ser conhecida e usada pelos migrantes nordestinos, que colonizaram a Amazônia ocidental. Destes contatos surgiram diversos grupos que sincretizaram o uso da bebida a um contexto religioso cristão-espírita, dos quais a União do Vegetal, no estado de Rondônia, o Santo Daime e a Barquinha, no Acre, são os maiores expoentes.
Paralelamente ao crescimento dos dois grupos e à expansão do uso religioso e terapêutico da Ayahuasca, uma forte resistência dos setores conservadores da sociedade brasileira se formou, pressionando o Conselho Federal de Entorpecentes (Confen) para embargar o funcionamento destas instituições nos grandes centros metropolitanos.
“Não foram observadas atitudes anti-sociais dos participantes dos cultos, ao contrário, podemos constatar os efeitos integrados e reestruturantes do Daime com indivíduos que antes de participarem dos rituais apresentavam desajustes sociais ou psicológicos”.
Coroando o processo de legalização, as entidades religiosas que utilizam a bebida, sem prejuízo de suas identidades e convicções, comprometeram-se a adotar procedimentos éticos comuns em torno do uso do chá, firmando uma carta de princípios. Neste documento, elaborado durante o I Congressso Internacional da Ayahuasca, ocorrido em novembro de 92 em Rio Branco, no Acre, os centros decidiram: vetar a comercialização da bebida, sua mistura com outras substâncias, a prática de curanderismo e estabeleceram regras para divulgação. Também ficou definido que a participação de menores de idade nos rituais só seria possível mediante a autorização dos pais e responsáveis; e que, sob nenhuma condição, seriam admitidos deficientes mentais, pessoas sob o efeito de álcool ou de outras substâncias psicoativas.

O RITUAL
O Santo Daime preserva o caráter sagrado da festa e da dança, oriundo do catolicismo popular. Convivem no seu panteão mítico Deus, Jesus, a Virgem Maria, os santos católicos, entidades originárias do universo afro-brasileiro e seres da natureza. Também são louvadas as figuras do Mestre Irineu, identificado com Jesus Cristo, e do Padrinho Sebastião, "encarnação de São João Batista" — de onde são derivadas algumas concepções messiânicas e apocalípticas. Do espiritismo kardecista são reelaboradas noções como as de karma e reencarnação. Os indivíduos possuem dentro de si elementos de uma "memória divina"; ao mesmo tempo, podem, através do próprio comportamento, alterar seu carma, "evoluindo espiritualmente" em direção a sua "salvação". Em consonância com os sistemas xamânicos, verifica-se a existência de uma "guerra mística" entre os homens e os seres espirituais. Os daimistas são concebidos como os "soldados do Exército de Juramidam", empenhados numa "batalha astral para doutrinar os espíritos sem luz".
Todo o ritual está permeado por um espírito militar com ênfase na ordem, na disciplina.
A cerimônia consiste basicamente em beber o chá e ficar descansando em cadeiras, esperando a "miração". Enquanto isso entoam cânticos coletivos ou ouvem músicas selecionadas, consideradas "revelações do Astral" para criar um clima propício a ter boas mirações. Os trabalhos espirituais realizados pelos daimistas são de concentração (com períodos de meditação) ou bailado (execução de uma coreografia simples), podendo chegar a produzir um verdadeiro êxtase coletivo. Há também trabalhos de missa (para os mortos) e rituais de fardamento (momento em que o indivíduo adere oficialmente ao grupo, passando a usar suas vestimentas). Recentemente, vêm ganhando força alguns ritos onde ocorre incorporação de espíritos, produto das influências crescentes da umbanda nesta instituição.
A União como entidade
O sincretismo religioso do Santo Daime - o maior dos grupos que alia uma concepção cristã-espírita às influências indígenas pré-colombianas - tem um ritual bastante simples: os participantes se posicionam em filas formando um quadrilátero, com as moças e as mulheres de um lado e os homens e rapazes do outro, ao redor de uma mesa. Nas festas oficiais, os homens usam ternos brancos e gravatas azuis, e as mulheres, camisa e saias branca com uma jardineira verde com fitas coloridas e usam uma coroa prateada. Ao centro, o Santo Cruzeiro (a cruz de caravaca) e a Estrela do Oriente (o selo de Salomão com uma águia sobre uma lua minguante).
Após rezarem um terço do Rosário, todos tomam uma dose do chá e entoam cânticos em louvor a Deus, à Virgem Maria e a Jesus Cristo. Além do canto, há também uma dança - chamada de “bailado” - que consiste em deslocar o corpo no compasso da música, em conjunto com todos, para a direita e para a esquerda de forma alternada, em uma espécie de ‘ciranda estática’. Esta corrente de voz e movimento é ritmada por maracás, pequenos chocalhos de lata que quase todos usam. A doutrina é transmitida através das músicas e a estrutura do ritual se assemelha a muitas festas populares do interior do Brasil, provenientes da forte tradição oral das culturas Ameríndia e Afro-brasileira, tais como o Reizado e o Catimbó. “Os hinários” , como os adeptos chamam as cerimônias, começam, geralmente, com o pôr-do-sol para só terminar na manhã seguinte. Os adeptos do culto vêem neste processo uma representação do sofrimento, morte e ressurreição do Cristo. Os hinos, cantados no decorrer da noite, são recebidos mediúnicamente e ensaiados com antecedência para a apresentação durante o ritual. As idéias básicas transmitidas pelos hinos são as de solidariedade humana, consciência ecológica e de espiritualização - trovas poéticas entoada em melodias simples e repetitivas, que funcionam como ‘mantras’. “Um hinário reflete o aprendizado da pessoa que o recebeu, que é novamente vivido por todos aqueles que o cantam durante os rituais” - explica Alex Polari, um dos dirigentes do CEFLURIS (Centro Eclético da Fluente da Luz Universal Raimundo Irineu Serra) - “o Hinário do Cruzeiro, recebido pelo Mestre Irineu, fundador da doutrina, por exemplo, é um conjunto de 129 cânticos que expressa sua biografia espiritual, com as provas e experiências que ele enfrentou durante o decorrer de sua vida”. Além disso, cada hinário também se caracteriza pelos ensinamentos de um santo em particular, segundo as características espirituais do guia que orienta seu receptor. Assim, o hinário do Padrinho Sebastião, O Justiceiro, reflete os ensinamentos de São João Batista; o hinário de seu filho, Alfredo Gregório, expressa os ensinamentos do Rei Salomão. No caso do hinário do fundador, Mestre Irineu, por ser o primeiro, encontram-se os ensinamentos de Jesus Cristo.
O efeito da bebida do Santo Daime promove uma expansão na consciência que, sem a perda da capacidade de ação voluntária, permite que se observe os próprios sentimentos e pensamentos com maior clareza. No decorrer do ritual, o estado de consciência intensificada pelo chá amplifica as situações recorrentes da vida cotidiana, revelando contradições existenciais e processos interiores que se repetem inconscientemente em diversos níveis. Esses processos involuntários são compreendidos pela consciência intensificada dos participantes, através da corrente formada pelo bailado e pelos hinos, que sugerem sempre uma solução positiva para os problemas. Segundo os participantes do culto, o ritual é “uma auto-análise”. O processo vivido sobre o efeito da bebida, abrindo as portas do subconsciente e ação condicionante do hinário (hinos + bailado) leva a um exame crítico de nossas ações cotidianas, com base nos princípios cristãos.
Porém não se pode resumir o Santo Daime ao psicológico, nem reduzir seus efeitos à simples conjunção da expansão química da consciência a mecanismos de auto-sugestão hipnótica da doutrina cristã. Há um inegável aspecto espiritual nos rituais, com incorporações conscientes e fenômenos ligados à vidência e à cura. A presença de seres de luz, bem como de obsessores, desencarnados, é claramente sentida no salão. Existem, inclusive, adeptos do Santo Daime no município fluminense de Nova Friburgo que aliam o uso do chá à incorporação de entidades da linha da Umbanda, desenvolvendo um rico relacionamento entre as duas modalidades de trabalho espiritual.
Porém, para eles, o aspecto espiritual é indissociável do psicológico, uma vez que “os hinos tanto servem para doutrinar os desencarnados como para, simultaneamente, apontar as falhas e os defeitos morais dos participantes, desmascarando a sintonia existente entre o que as pessoas pensam e o que acontece no mundo espiritual”. Neste duplo processo, de autodesenvolvimento psicológico e desobsessão espírita, os participantes sofrem as “peias” e têm as “mirações”. A “peia” representa uma difícil prova cármica a ser vencida ou o castigo necessário ao perdão dos pecados, o “sofrimento purificador” - que pode se manifestar na forma de vômitos, choro convulsivo, diarréia e mal-estar generalizado. Já a “miração” é uma visão mística, semelhante ao sonho, que mescla a revelação divina com os símbolos do inconsciente, muitas vezes coincidentes com a temática e os personagens dos hinos.
Além de Jesus Cristo ser freqüentemente sincretizado com o Sol, a Virgem Maria é associada à Lua, ao Mar e à Floresta, e as presenças de São João Batista e do Patriarca São José são constantemente lembradas nas canções do Santo Daime. Outra imagem freqüente é a do “Divino Pai Eterno”, afirmação do princípio monoteísta da doutrina, que impera sobre uma “Corte Celestial de Todos os Seres Divinos” - que engloba, no manto panteísta da Rainha da Floresta, entidades que vão dos Devas Orientais aos Orixás africanos. Porém, a entidade central do ritual do Santo Daime é Juramidam, o “Mestre Império”. Este ser é quem, segundo os hinos e os participantes do culto, preside os rituais e é identificado como o próprio espírito da bebida ingerida nas cerimônias.
Os hinos do Santo Daime também versam sobre uma transformação nas condições de vida da humanidade - “o fim dos tempos”, “o Apocalipse”, “o balanço” - e sobre o advento da utopia social, a “Nova Jerusalém”, “o Reino de Deus na Terra”. Em relação a este ideal de utopia social, os participantes dos rituais afirmam que “a vida comunitária é um aspecto fundamental na doutrina do Santo Daime. Através dela aprendemos e construímos na prática o significado da União, que cantamos nos hinários”. Para eles, “quando tomamos Daime e cantamos hinos estamos apenas acelerando e intensificando conflitos e relações interpessoais que se desenvolvem no nosso cotidiano comunitário”. O objetivo em longo prazo, ao que prece, é conquistar no dia-a-dia uma união material tão sólida quanto à união mística alcançada nas cerimônias. “Assim”, concluem, “realizamos o ideal da Nova Jerusalém”. Desta forma, a União, metáfora da comunidade e símbolo da utopia social, é uma das entidades centrais dos rituais e da filosofia da doutrina do Santo Daime.
Caráter religioso e sintomatologia
Seu consumo está associado a práticas religiosas e parece ser utilizada por tribos indígenas da Amazônia desde 2000 a.C. As seitas religiosas mais conhecidas no Brasil são o Santo Daime e a União do Vegetal. Os efeitos, desse modo, estão bastante relacionados aos rituais religiosos onde se dá o consumo, baseados na crença da possibilidade de contato com outros planos espirituais. Há semelhança entre os efeitos da ayahuasca e alucinógenos, como o LSD.
Seu uso após a era pré-colombiana teria se difundido entre várias tribos indígenas, das quais se tem razoável conhecimento antropológico. Ingerindo o chá, os índios absorviam o espírito da planta e, em transe, tinham experiências psíquicas e vivenciavam fenômenos paranormais, tais como a telepatia, a regressão a vidas passadas, contatos com os espíritos dos seus antepassados mortos, presciência e visão à distância. Vários relatos apontam ainda que alguns feiticeiros e xamãs usavam a bebida para descobrir qual era a doença de seus pacientes e saber como tratá-la.
Diversos antropólogos, inclusive, tomaram o chá e descreveram seus efeitos parapsíquicos. Ainda hoje, várias tribos praticam rituais com o uso da Ayahuasca no Brasil, como as dos Kampas e dos Kaxinawás, localizadas perto da fronteira com o Peru.
Porém, no dia dois de junho de l992, o conselho decidiu liberar definitivamente a utilização do chá para fins religiosos em todo o território nacional. Segundo a então presidente do Confen, Ester Kosovsky, “a investigação, desenvolvida desde l985, baseou-se numa abordagem interdisciplinar, levando em conta o lado antropológico, sociológico, cultural e psicológico, além de análises fitoquímicas”.
Riscos à saúde
Pode haver sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico. O consumo do chá pode desencadear quadros psicóticos permanentes em pessoas predispostas a essas doenças ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas (transtorno bipolar, esquizofrenia).

Ayahuasca e a expansão do consumo
É crescente o uso da Ayahuasca, inclusive nas Américas e Europa (Callaway & Grob, 1998) o que se deve a vários fatores: o volume de publicações literárias de impacto bem como a mídia do depoimento de pessoas famosas (Cazenave, 2000); os "Works" da seita Santo Daime em diferentes países; a facilidade de aquisição de pacotes de turismo, o que por muitos é conhecido por "drug tourism" onde os usuários, em busca de experiências novas, aventuram-se por expedições floresta adentro onde são realizados rituais em que é convidado a beber a Ayahuasca, geralmente não inclusa no preço inicial. Tais pacotes podem girar por volta de U$1100 a 1300, o que não é tão caro se comparado a uma sessão de Ayahuasca que pode sair por U$800 no "underground" norte americano, conforme aferidos na internet. Alguns destes sites dizem que o pacote não inclui o uso da beberagem e que não se trata de "Ayahuasca tourism", no entanto, recomendam, paradoxalmente, que as pessoas se abstenham de alimentos que possam levar a interações medicamentosas com os IMAO.
O crescente número de indivíduos que vem experimentando a Ayahuasca de maneira descontextualizada, visitas a seitas com o único intuito de conhecer a bebida, e a atual possibilidade de se usar a Pharmahuasca: combinação sintética dos ingredientes psicoativos da Ayahuasca (Ott, J. 1994; Ott, J. 1999). Outra forma crescente de se usar a combinação de ingredientes ativos da Ayahuasca é por meio da "Anahuasca", (Ayahuasca borealis), ou seja, combinação de plantas que produzem resultados semelhantes: esta possibilidade leva a incontáveis combinações de plantas que poderiam produzir, em diferentes graus, o "Efeito Ayahuasca" (Ott, J; 1999).

Dos Incas ao sincretismo cristão
Para a maioria das culturas pré-colombianas o uso de plantas e ervas com substâncias de efeito psíquico era sagrado. Através delas estes povos entravam em contato com o Divino. As ‘drogas’ eram, neste contexto, um fator de integração coletiva e de evolução individual.
O uso ritual das “plantas de poder” nas Américas hoje em dia pode ainda ser observado em vários cultos e religiões sincréticas provenientes desta antiga tradição cultural de nosso continente: o peyolt nos EUA, a Jurema na caatinga nordestina, o San Pedro e a Coca na Bolívia e no Peru, as inúmeras sementes mexicanas (Ololiuhqui/Tlitlietzen, Mescal Beans e as Colorines) e os diversos tipos de cogumelos alucinógenos e espécies de Datura (Solanácea) são alguns dos exemplos mais conhecidos do uso religiosos e/ou iniciático das drogas hierobotânicas em comunidades ameríndias.

Mitologias:
Segundo uma lenda, com a invasão espanhola, o príncipe Atahualpa se rendeu e foi escravizado, mas o príncipe Ayahuasca refugiou-se na floresta amazônica e o uso do chá permaneceu sendo divulgado no Peru, na Bolívia e no Brasil.

Depoimento: eu bebi o Santo Daime
RICARDO FELTRIN
Calculo ter tomado Santo Daime cerca de 50 vezes em minha vida. A primeira experiência foi em agosto de 1990. A última, em janeiro de 2000. Sempre tive, desde pequeno, interesse por religiões. O daime me atraiu porque eu estava cansado de ouvir supostos mestres me dizendo como agir e viver. Além disso, cada religião costuma criar seu sistema filosófico. Nas religiões que conheci e visitei, pelo menos, sempre foi assim. Só que, pela doutrina do daime, o verdadeiro mestre é a bebida.
Claro que há os padrinhos e madrinhas em cada igreja, que em tese detêm o conhecimento. Suas palavras têm poder na comunidade e são eles que comandam os rituais. Mas até mesmo os líderes estão submetidos ao poder da bebida.
É muito difícil descrever os efeitos do daime. Sempre li e ouvi vários relatos em que predominavam casos de enjôos, vômitos e até diarréia, provocados nas horas seguintes à sua ingestão.
Esses relatos decerto são verdadeiros: vi pessoas esgoeladas de tanto vomitar, pálidas, às vezes até meio "esverdeadas" devido às reações. Também ouvi relatos de pessoas que conseguiram uma garrafinha de daime e o beberam, misturados a álcool e rock. Jamais faça isso: os efeitos serão devastadores, traumáticos e, segundo a doutrina, merecidos: lugar de tomar daime é na igreja, repetem sempre os seus adeptos.
Bem, mas seja lá qual for o motivo, jamais tive qualquer reação negativa com o daime. Claro, sempre há um enjôozinho aqui ou ali, mas nada que me levasse às "vias de fato".
Curioso é que em todas as vezes que bebi, fui preparado para levar "peia". É o nome usado quando alguém passa muito mal nos rituais. Nunca tive "peia". Seja lá qual for o motivo dessa benção, nunca passei mal. Talvez por sempre ter obedecido ao conselho de, desde três dias antes de tomar o daime, me abster de bebidas alcoólicas, sexo e carne.
Nunca tive nem sequer uma má experiência. Pelo contrário: só tive sensações e visões maravilhosas, que não são possíveis de descrever (escrever). Vi "coisas" inenarráveis e ouvi sons diferentes de tudo que já conhecia; também recebi muitas "respostas" para minhas muitas dúvidas existenciais durante os rituais.
É isso: o daime parece "disparar" algum mecanismo que joga parte de nosso lado mau para fora. Julgar o próximo, a violência mental que todos nós temos, a agressividade, às vezes até tristezas e fobias, traumas antigos... Tudo isso surgia para mim nos rituais, na forma de imagens e sensações. Na verdade, eu sentia que estava sendo feito algum tipo de "faxina" em minha alma ou mente.
Em mais de uma vez, aliás, me senti tão bem após 12 horas de ritual que queria mais. Era um estado de graça, uma sensação de felicidade que se prolongava por horas após os rituais. Acho que, como tive formação cristã e o daime é eminentemente cristão, me sentia muito à vontade.
E a "limpeza" também era física: nos três dias seguintes à ingestão da bebida ia com uma freqüência muito maior ao banheiro. Nada de desarranjo. Limpeza intestinal mesmo. Chegava a perder até três quilos após os rituais (logo recuperados com uma alimentação cronicamente incorreta).
Eu já bebia daime e participava de rituais esporadicamente, como convidado, desde 90. Mas em 99 decidi entrar de fato para a igreja. Apresentado por um membro fardado da igreja, Oswaldo Guimarães (que hoje mora em plena floresta amazônica, no Céu do Mapiá, Acre), fui recebido na igreja Céu de Maria, que fica próxima ao pico do Jaraguá, em SP. Tornei-me um adepto "oficial", ou um "soldado da rainha", como os fiéis costumam dizer.
Durante esse ano fiz praticamente todos os rituais e "concentrações" (rituais menores, de três ou quatro horas, celebrados a cada 15 dias). Calculo ter bebido uns 5 litros de daime em 12 meses.
A verdade é que em janeiro do ano passado tomei a bebida pela última vez. Seja pelas exigências de minha vida profissional, pela dificuldade de horários ou por alguma mudança interior até hoje imperceptível, acabei me afastando. Hoje só tenho boas lembranças e muita gratidão, desse período.

PARTO COM DAIME
Na Colônia Cinco Mil impressionava-me o fato das crianças pequenas e também as mulheres grávidas tomarem o Daime. Ajudar as crianças a nascerem num parto com Daime foi para mim uma experiência marcante.
O parto se realiza da seguinte maneira; o Daime é servido à parturiente em doses de um pouco mais de meio copo e em quantidade menor para as duas ou três mulheres que acompanham o trabalho.
Imediatamente as acompanhantes começaram a cantar o hino Sol, Lua, Estrela do Mestre Irineu até se completar o nascimento, quando o bebe é colocado sobre a barriga da mãe até que o cordão umbilical para de pulsar para que seja cortado. Para a placenta sair, é rezando uma oração específica acompanhada de uma massagem na região da barriga.
Estive presente em casos em que a criança estava sentada e não conseguia nascer e quando a mãe tomava o Daime, a criança desvirava e nascia na posição correta. Outra mulher, que se tornou muito minha amiga, Vera Viana, teve duas filhas de cesariana e grávida do terceiro filho optou por um parto normal. Depois de três dias tomando Daime, Vera foi recompensada com um belo garoto, considerado o filho do milagre, porque os médicos consideravam impossível e de alto risco um parto normal. Judá, nome que o menino recebeu de uma miração que seu pai teve com o Santo Daime, foi batizada pelo Padrinho Sebastião.
Todas essas vivências me incentivaram a tentar em mim mesma o parto normal com o Daime, quando estava morando em Boca do Acre no Amazonas e era Diretora da Casa da Cultura do Município, colaborando na administração geral do seringal Céu do Mapiá.
Há 14 anos atrás fiz uma cesariana de minha filha Luciana; os médicos achavam que eu tinha a bacia muito estreita, que não dava passagem para um nascimento normal. Sofri muito com a anestesia, além de não participar em nada do sucesso de ser mãe.
Relato agora o que para mim se tornou a experiência mais importante e emocionante que tive com o Santo Daime.
No dia 22 de dezembro de 1986, exatamente às cinco horas da manhã, me surpreendi ao acordar e notar que a bolsa de água tinha arrebentado. Tínhamos combinado, eu e Marco, meu marido, que tomaríamos o Daime, mas devido aos meus antecedentes e por precaução iríamos para o hospital, por sinal o único que existia no local.
Comecei a ingerir o líquido às sete horas da manhã, e a partir daí de meia em meia hora uma nova dose. Lembro que tomei quase um litro, sempre deixava um pouco no copo, no que obrigava Marco a tomar comigo todas as doses.
Sentia as contrações se acelerarem paulatinamente, nunca tinha sentido aquilo, de forma que as duas horas da tarde, já sofrendo muito, me aliviava com as mirações. Tinha a impressão de que iria abandonar o corpo e não voltar mais, a visão de várias pessoas da minha família que já tinham morrido e principalmente meu pai falecido há 26 anos, me assombrava com medo da morte. O consolo veio ao me lembrar do que o Mestre Irineu dizia:
Mulher que toma Daime não morre de parto.
O daime parecia que tinha reunido as pessoas certas para me darem assistência, a começar pelo médico Dr. José, diretor do Hospital, pessoa espiritualizada e competente, a amiga Dorinha que muito me massageou, Sônia, a dentista do hospital que em minhas mirações parecia irradiar raios laser pelos seus olhos azulados, sua assistente Benízia que ficou de prontidão desde as primeiras horas de sofrimento, e naturalmente meu incansável companheiro Marco, que sempre me encorajava a tomar mais Daime, a fim de levarmos a experiência até o fim.
As enfermeiras do hospital olhavam assustadas ao me verem tomar aquele líquido de cor amarelo-pardo. Naquele dia o Hospital estava deserto nenhum doente dando entrada, nem mulher para dar a luz; a festa era só para mim. Às 16:00hs. O médico já não acreditava que o Daime resolvesse o parto, ele conversou com Marco para me preparar para uma cesariana. Marco então não vacilou, chegou para mim com uns três dedos de Daime e disse:
- Vera se você não tomar, vai entrar na faca.
Nessa hora eu já não agüentava mais as dores e disse que era impossível, pois estava mirando demais, os objetos dançavam na minha frente e tudo brilhava. Ao mesmo tempo as palavras de "entrar na faca" me transportaram para 14 anos atrás o horror da cesariana, mas não tinha coragem de tomar nem mais uma gota. Nesse momento tive uma miração com Nossa Senhora me entregando o copo e dizendo:
Tome minha filha, que é a sua última dose.
Acreditando no que via e ouvia, peguei o copo e tomei. Logo em seguida entrei em trabalho de parto e a criança começou a coroar. Era chegada à hora, Marco cantava o hino Sol, Lua, Estrela, queria me ajudar, mas só dependia de mim. Havia uns ferros perto de minhas pernas e a orientação era puxar os ferros e fazer força na hora que viesse a dor. Na primeira tentativa vomitei o Daime que saiu como um jato pela boca e nariz, logo me retraí sentindo a cabeça da criança indo e vindo.
A miração aumentava: vi a sala se enchendo de gente (espíritos), e uma legião de anjos flutuando. Eu me encontrava presente e distante ao mesmo tempo, me sentia equilibrando numa corda fina que puxava para lados opostos, de um lado a vida e do outro a morte, alguém me soprava no ouvido :
- Dê a vida, vamos, é agora!
Naquele instante prometi tudo a Nossa Senhora da Conceição, imagem que me acompanhava, pedia para ter força para atravessar, pois toda a vez no meio da contração forte, vomitava o Daime e me retraia.
De repente a sala se encheu de luz, parecia que o próprio Sol nascia ali dentro. Outra vez ouvi:
É dessa vez, vamos!
Então botei força e lá veio a dor rasgando por dentro, impressão de que meus ossos estavam quebrando. Era um momento doloroso e maravilhoso, principalmente quando senti a cabeça da criança sair, estimulada pela voz do Dr. José, que me parecia "atuado", conduzindo o pequeno ser pelas suas mãos:
Atenção que teu filho está nascendo é o teu filho que está chegando, mais um pouco de força, Vera, ela está nascendo!
Foi o tempo de vomitar o último Daime para a criança vir ao mundo, nesse momento vi que todos os espíritos que estavam me assistindo se perfilaram e assistiram o espírito que ia encarnar na criança, um facho de luz invadiu tudo e o neném chorou, senti uma felicidade indescritível, estava em harmonia total com o mundo, flutuando em nuvens de luz. Assim nasceu Veraluz. Marco emocionado fotografava tudo e assim que a criança saiu da sala, pingou gotinhas de Daime em sua boca, conforme costume do Povo Juramidam. Fiquei em estado de graça por dois dias, não tinha fome ou sono, tinha a sensação de plenitude e a certeza de que o daime realizava verdadeiros milagres no parto das mulheres.
Posteriormente travei amizade com Frederico Arruda, professor de farmacologia da Universidade do Amazonas que juntamente com a psicóloga Luíza Garnello e outros membros de sua equipe, realizaram experiências com o Daime em ratinhas prenhas. Verificaram que de fato, as ratinhas que tomavam Daime tinham um parto mais rápido e os filhotes nasciam mais espertos do que as ratinhas que não tomavam Daime. Naturalmente isso não me surpreendeu, mas comprovou cientificamente os efeitos benéficos do Daime no caso de gravidez.

Chá do Santo Daime 'ameaça combate ao narcotráfico', diz governo Bush
Alberto Gonzáles
Para Gonzáles, chá ameaça combate internacional ao narcotráfico.
O governo americano considera o chá do Santo Daime "um alucinógeno que altera o funcionamento da mente e ameaça causar danos irreparáveis aos esforços internacionais de combate ao tráfico de narcóticos transnacional".
A afirmação foi feita no texto de um recurso apresentado nesta quinta-feira pelo secretário da Justiça, Alberto Gonzáles, à Suprema Corte - segundo a agência de notícias Associated Press.
No documento, Gonzáles pede que a Suprema Corte proíba o uso da ayahuasca, chá do Santo Daime importado do Brasil, que havia sido liberado anteriormente por tribunais em vários estados.
O governo americano está travando desde 1999 uma batalha legal com a representação americana do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, baseado no Brasil, que possui cerca de 140 membros nos Estados Unidos.
Liberdade religiosa
Os fiéis da seita argumentam que o chá é um componente indispensável de seus rituais religiosos.
Em novembro, o grupo obteve a vitória mais recente, no tribunal de recursos de Denver.
Segundo a decisão, a liberdade religiosa garantida pelas leis americanas possibilita ao centro utilizar o chá em seus ritos.
Mas o governo Bush não desistiu no caso, e, em dezembro, conseguiu que a Suprema Corte suspendesse uma autorização que permitia que o chá fosse usado pelos fiéis da seita logo após vitórias na Justiça.

Fontes: História da Ayahuasca - Profª Drª Ana Cecília Marques e Hamer Nastasy Palhares
Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo
Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo
Equipe Álcool e Drogas sem Distorção
http://www.uol.com.br/folha/mundo/2001-religiao-santo_daime-depoimento.shtml
Artigo do Dr. Luiz Otávio Zahar http://www.ippb.org.br/modules.phpop=modload&name=News&file=article&sid=3890
Considerações sobre Ayahuasca na Lista Voadores - www.voadores.com.br
A ayahuasca como terapêutica para o uso de drogas - http://www.unir.br/~cei/artigo22.html;
Plantas de poder - http://www.terramistica.com.br/index.phpadd=Artigos&file=print&sid=253 ;
The Scientific Investigation of Ayahuasca - http://www.erowid.org/chemicals/ayahuasca/ayahuasca_journal3.shtml ;
Descrição e efeitos das substâncias químicas na planta - http://www.adroga.casadia.org/news/usoritual.htm ;
Guia basica sobre la Ayahuasca - http://www.ideaa.org/it/guia_basica_sobre_ayahuasca.htm

País tem oito mil espécies de plantas

Angola possui aproximadamente oito mil espécies de plantas, segundo um relatório do Ministério do Ambiente, apresentado ontem, no seminário de capacitação de gestores ambientais.
O documento indica que existem também 275 espécies de grandes mamíferos, 26 de antílopes, 15 de morcegos frutívoros, 915 de avifauna e 63 espécies migrantes paleolítica e 16 consideradas endémicas.
No país, 158 espécies são consideradas aves errantes, 149 de anfíbios (das quais 19 são consideradas endémicas), 276 de répteis e 335 espécies de insectos.

No que tange às áreas protegidas, estão criadas 13, equivalentes a 6,6 por cento da superfície total do país, subdivididas em seis parques nacionais (Quissama, Kangandala, Bikuar, Iona, Kameia e Mupa), bem como quatro reservas parciais (Moçamedes, Mavinga, Luiana e Búfalo).
De igual modo, existem duas reservas naturais integrais (Luando e Ilhéu Pássaros) e um parque natural regional (Chimalavera). A situação melhorou com a criação de quatro coutadas de caça (Ambriz, Mucusso, Lwengue e Longa-Mavinga), no intuito de se regularizar as caçadas anárquicas.
Está estampado no documento, o elevado estado de degradação dos parques e reservas naturais, fruto da paralisação da administração dos mesmos no período de conflito armado e também da sua ocupação por populações em busca de melhores condições de subsistência.

Tais áreas sofrem com a prática da agricultura, caça e pesca, com a construção de residências, abate de árvores para obtenção de lenha e carvão, e com as queimadas descontroladas.

fonte: http://www.jornaldeangola.com/artigo.php?ID=43967&Seccao=geral

Viveiro Municipal é exemplo de eficiência

É surpreendente a variedade e quantidade de árvores frutíferas e ornamentais...
Treze funciuonários municipais realizam o trabalho do viveiro...A reportagem do Planeta News esteve no Viveiro Municipal, na ultima quarta feira, 14, com o objetivo de conhecer o trabalho ali desenvolvido e que vem sendo propalado de forma positiva.

À distância já é possível avaliar a extensão do Viveiro, onde são produzidas incontáveis variedades de plantas, e surpreende o estilo perfeito das imensas construções das estufas, utilizando a técnica de sombreamento através a utilização de cobertura especial, destinando um tipo para cada seqüência de mudas ali formadas.

No interior do Viveiro foi possível conhecer a excelência do trabalho ali desenvolvido, tecnicamente perfeito, com a coordenação profissional do agrônomo Silvio Pelegrini, representante da Uniata, que desenvolve um projeto altamente eficiente e com fantásticos resultados utilizando uma equipe de treze pessoas muito experientes, quase todos originários de bairros rurais e habituados a esse tipo de atividade.
Poucos imaginam, por desconhecimento, inclusive nossa reportagem, que Olímpia possui um viveiro com tais dimensões, capaz de reproduzir aos milhares mudas de quase todas as espécies, incluindo algumas plantas nativas em extinção, tipo angico, jacarandá, pau Brasil,ipê (roxo, amarelo, branco e rosa), cedro, arvores ornamentais que formam copas em diferentes alturas, adequadas para projetos de arborização, especialmente numa cidade que experimenta tão elevadas temperaturas como Olímpia e que não conta com ruas arborizadas por falta de iniciativa da população e inexistência de um projeto nesse sentido.

Entre as numerosas mudas de árvores frutíferas encontramos cajamanga, gabiroba (originária da mata ciliar), pinha, uva, tamarindo, figo, graviola, jaca, caju, abiu, carambola, manga, amora, entre tantas outras. Chama a atenção, em especial, a enorme produção de mudas de açaí. Planta frutífera originária da região amazônica.O encarregado que se encontrava no Viveiro Municipal, no dia em que lá estivemos, informou que o Viveiro forneceu mil mudas de açaí para um único produtor e centenas de outras mudas a outro proprietário, destinadas a reflorestamento por imposição do IBAMA.O Viveiro também produz enorme quantidade de plantas menores que produzem flores, entre elas uma grande variedade de rosas. O local é tão atraente e instrutivo que poderia figurar como roteiro de visitas para as escolas, em todos os níveis, sobretudo porque favorece a pesquisa, dada a quantidade, variedade e quantidade das plantas ali produzidas.
Pela quantidade de mudas produzidas no Viveiro Municipal, Olímpia conta com suporte para recuperação de matas ciliares, proteção de mananciais e nascentes, além de favorecer qualquer iniciativa ou programa de arborização na cidade.Enorme quantidade de mudas das variedades ali produzidas são fornecidas aos municípios de Guaraci, Monte Azul, Severínia e Cajobi. No momento em que realizávamos a reportagem, estavam sendo entregues 600 mudas destinadas ã cidade de Francisco Morato, na Grande São Paulo.
É importante salientar que as mudas produzidas no Viveiro Municipal são fornecidas, em qualquer quantidade, inteiramente de graça. O Viveiro está localizado nas proximidades da CECAP em área remanescente das obras inacabadas da Estação de Captação II do Daemo.
fonte:

Azaléia

Nome Científico: Rhododendron indicum
Família: Ericaceae.
Origem: China e Japão.

A azaléia, um arbusto da família das Ericáceas, tornou-se muito popular e hoje pode ser encontrada formando cercas-vivas, compondo maciços em jardins, alegrando corredores e entradas mesmo plantada em um vaso. Um dos segredos do seu sucesso é que a floração ocorre justamente nos meses de inverno e traz um pouco de colorido num período em que a maioria das plantas encontra-se em repouso. Outro segredo é que a azaléia é uma planta relativamente rústica e resistente: suporta com bravura certas condições bem adversas e, por isso, é muito usada em jardins e praças públicas, dando um toque de "vida" até mesmo nos canteiros das grandes avenidas de cidades como São Paulo, tão castigada do ponto de vista ecológico-paisagístico.
A variedade mais popular no Brasil é a Rhododendron indicum, que originalmente produz flores roxas, rosas e brancas, mas graças à intervenção humana, pode ser encontrada em inúmeros matizes chegando até ao vermelho brilhante.
Cuidados: esta planta contém glicosideos cardioativos, sendo tóxica para consumo.

Cultivo
Porte: Atinge até 2 m. de altura
Floração: inverno e início da primavera
Propagação: estacas de galho
Luminosidade: sol pleno/meia-sombra
Regas: Regulares, sempre que o solo estiver seco.

Solo: Por ser um arbusto rústico, a azaléia adapta-se bem a qualquer tipo de solo, porém, para produza uma florada exuberante, o ideal é cultivá-la usando a seguinte mistura de solo:
· 2 partes de terra comum de jardim
· 1 parte de areia
· 1 parte de composto orgânico
Luminosidade e regas: As azaléias não florescem dentro de casa e precisam de luz solar plena para crescer bem. Para mantê-las em áreas internas, deixe as plantas fora de casa até que as flores se abram, aí então podem ser levadas para dentro, mas é preciso que fiquem em um local bem claro, próximo à janela. O cultivo pode ser feito à meia-sombra desde que a planta receba luz solar direta pelo menos 4 horas por dia. Evite o excesso de água nas regas: o ideal é fornecer água à planta apenas quando o solo apresentar-se seco, sem encharcar.
Adubação: Floradas pouco exuberantes ou brotos que não crescem é sinal que falta nutrientes para a azaléia. Adube uma vez por mês com a seguinte mistura:
· 1 parte de farinha de ossos
· 1 parte de torta de mamona
Se for utilizar fertilizante químico, dê preferência para aqueles ricos em fósforo (o P da fórmula NPK). Ou seja, escolha um NPK onde o P seja maior que o N e o K. Ex: um NPK de fórmula 4-12-4.
Podas: Depois da floração, a poda é uma boa medida para estimular o surgimento de novos brotos e garantir uma próxima florada bem exuberante. Aproveite para fazer uma boa limpeza na planta, retirando as flores murchas e as folhas amarelas. Assim que terminar a floração das azaléias, retire os galhos em excesso e corte as pontas dos outros galhos, até chegar ao formato e tamanho que você quiser. Para aumentar a próxima floração, elimine as pontas de todos os galhos que floresceram este ano.

Controlando problemas:
Galhas - folhas e pétalas atacadas tornam-se espessas e deformadas apresentando, às vezes, manchas esbranquiçadas. As extremidades dos ramos também podem manifestar o problema, tornando-se "esgalhadas". Controle: Elimine as partes afetadas e utilize um fungicida do tipo Calda Bordalesa.
Oídio - A planta apresenta manchas esbranquiçadas na frente e verso das folhas e até no cálice da flor. Com o tempo, as folhas apresentam coloração cinza escuro e começam a cair prematuramente. Controle: Reduza a quantidade de água nas regas, isole as plantas atacadas ou suspeitas e faça pulverizações com fungicida em casos mais severos.
Seca de ponteiros - Apresenta-se na forma de uma podridão marrom escura, que se inicia na ponta do ramo e se espalha para baixo, atingindo a haste principal. Pode provocar até a morte da planta. Controle: Faça a poda dos ponteiros atacados e proteja o corte com uma pasta à base de oxicloreto de cobre.
Clorose - Toda a folhagem pode tornar-se amarela. Controle: Normalmente, o problema surge por deficiência nutricional. Deve-se observar a adubação correta, verificando se há carência dos nutrientes.
Ferrugem - Manchas semelhante à ferrugem nas folhas acusa a presença de fungos. Controle: Aplique Calda Bordalesa
Fontes: Site Jardim de Flores.
Rotina no Atendimento do Intoxicado – Sony de Freitas Itho, 2001, Vitória/Es.

Bromélias

A família das Bromeliáceas abriga mais de 3000 espécies e milhares de híbridos. Com uma única exceção, todas são nativas das Américas, sendo que o abacaxi é a mais popular delas. Só no Brasil, existem mais de 1500 espécies.
As bromélias não são parasitas como muitas pessoas pensam. Na natureza, aparecem como epífitas (simplesmente apoiando-se em outro vegetal para obter mais luz e mais ventilação), terrestres ou rupícolas (espécies que crescem sobre as pedras) e compõem uma das mais adaptáveis famílias de plantas do mundo, pois apresentam uma impressionante resistência para sobreviver e apresentar infinitas e curiosas variedades de formas e combinações de cores. As bromélias estão divididas em grupos chamados gêneros - que hoje são mais de 50. A maioria das espécies de um mesmo gênero tem características e exigências iguais. Gêneros diferentes requerem diferentes variações de luminosidade, rega e substrato. No cultivo, os gêneros mais comuns são:

•AECHMEA•BILLBERGIA•CRYPTANTHUS•DYCKIA•GUZMANIA•NEOREGELIA•NIDULARIUM•TILLANDSIA•VRIESEA

A maioria das bromélias podem ser plantadas em vasos, mas podemos mantê-las sobre troncos ou xaxim. As Tillandsias, de folhas acinzentadas, não se adaptam ao plantio em vasos, preferindo os troncos.

As bromélias crescem em quase todos os solos, levemente ácidos, bem drenados, não compactados e que propiciem condições de bom desenvolvimento para o sistema radicular. O substrato deve ter partes iguais de areia grossa ou pedriscos, musgo seco (esfagno) ou xaxim e turfa, ou mesmo húmus de minhoca. O importante é que a mistura possibilite uma rápida drenagem. Cryptanthus e Dyckias crescem bem no mesmo tipo de mistura, acrescentando-se, ainda, uma parte de terra ou folhas secas moídas.
Algumas regras para o plantio correto: 1. Não enterre demais as bromélias, mantenha a base das folhas acima do solo.2. Não use um vaso muito grande, pois há perigo de umidade excessiva nas raízes. 3. Não permita que a planta fique "balançando", fixe-a bem, pois isto poderá danificar o tenro desenvolvimento das novas raízes. Estaqueie a planta se necessário, até que as raízes estejam bem desenvolvidas.4. Coloque sempre uma boa camada de cacos de telha ou pedriscos no vaso, que deve ser sempre furado nas laterais ou no fundo.

REGAS
As bromélias gostam de ter suas raízes molhadas, mas sempre de forma bastante moderada, o mais importante é molhar as folhas e manter sempre o tanque central com água. Quando a temperatura ambiente estiver muito alta, borrife com água as folhas, mas nunca sob luz solar direta e nas horas mais quentes do dia. Plantas de folhas macias apreciam ambiente mais úmido do que plantas de folhas rígidas.

LUMINOSIDADE
Bastante claridade em luz difusa é a condição preferida pela maioria das bromélias. Em geral, plantas com folhas rígidas, estreitas e espinhentas, tal como folhas de cor cinza-esverdeada, cinza, avermelhada ou prateada, gostam de maior luminosidade durante maior período de tempo, em alguns casos até mesmo sol pleno. Plantas de folhas macias, de cor verde ou verde-escura, apreciam locais com menor intensidade de luz, mas nunca um local escuro. As Nidulariuns requerem pouca luz, enquanto as Neoregelias se encontram no outro extremo. O intenso e atraente vermelho translúcido encontrado em muitas Neoregelias desaparece quando a planta é transferida para um local de menor luminosidade.
Como sintomas de pouca luminosidade, as plantas apresentam folhas escuras ou pobres em cor, freqüentemente macias, caídas e bem mais longas que o normal (estioladas). Como sintomas de excesso de luz, temos folhas amareladas, com manchas esbranquiçadas, ressecadas e até com verdadeiras queimaduras.


ADUBAÇÃO
As bromélias devem ser adubadas com muito critério. São extremamente sensíveis e absorvem os nutrientes com muita facilidade pelas folhas. Use um adubo químico de boa qualidade. Adube semanalmente durante os meses de maior intensidade de luz e calor (de agosto a abril). A relação NPK de 2-1-4 com traços de Magnésio parece ser ideal. O Boro (Bo) deve ser evitado por causar queimaduras nas pontas das folhas, o que também ocorre no caso do excesso de Fósforo (P). Cuidado com o Cobre (Cu) que, mesmo em muitas pequenas quantidades, mata a planta. A quantidade de adubo foliar recomendada é de 0,5 g/litro de água usada em aspersão, de qualquer forma nunca supere 2 g/litro.

TEMPERATURA E UMIDADE
As bromélias são plantas tipicamente tropicais, portanto, a maioria aprecia temperaturas elevadas e bons índices de umidade associados a local muito ventilado. As Guzmanias são as que menos apreciam temperaturas altas, e as Tillandsias as mais exigentes em arejamento, enquanto Vrieseas e Nidulariuns gostam de locais com bastante umidade.

PRAGAS E DOENÇAS
As bromélias, apesar de muito resistentes, são suscetíveis a pragas, fungos e doenças como todas as plantas, porém são muito sensíveis a fungicidas e inseticidas, pois absorvem esses produtos facilmente com seu metabolismo. Para combater cochonilhas e pulgões, utilize uma solução de fumo diluída em água. Retire as pragas com uma escova de dente. Para combater os fungos, utilize uma esponja macia e úmida, com sabão de coco dissolvido em água. Nunca utilize fungicidas à base de Cobre, como a calda bordalesa - lembre-se que o Cobre mata as bromélias. As bromélias são, com freqüência, atacadas por lesmas e lagartas. Tente elimina-las manualmente. Caso necessite aplicar algum inseticida, o mais tolerado é o Malatol, cuja dissolução deve ser feita pela metade do indicado na embalagem.
Lembre-se que a principal causa do ataque de pragas é o desequilíbrio ecológico. Convém lembrar, ainda, que as bromélias são plantas extremamente sensíveis ao ar enfumaçado ou poluído, pois absorvem elementos nocivos, depositados na água do cálice.

FLORAÇÃO
As bromélias florescem somente uma vez durante seu tempo de vida. Após a floração, a planta geralmente desenvolve uma brotação lateral que substituirá a planta que irá morrer. As bromélias atingem a maturidade e florescem em diferentes idades - de meses a dezenas de anos, dependendo da espécie e condições do ambiente, respeitando sempre uma determinada época do ano. Muitas vezes, uma planta não floresce em razão da falta de luminosidade ou outro fator ambiental como, por exemplo, a temperatura. Por outro lado, uma brusca mudança do ambiente pode provocar a floração numa planta adulta. A planta sente-se ameaçada e o instinto de preservação da espécie desencadeia a floração com a finalidade de gerar sementes e brotos laterais: tudo isso para assegurar a sua preservação.Dependendo da espécie, algumas plantas apresentam inflorescência extremamente exuberante, podendo ser de longa duração. Algumas duram meses, como Aechmea fasciata e a Guzmania Denise, outras são breves, duram dias, como muitas das Billbergias.

12.2.06

Agrião

Nome popular: Agrião
Nome científico :Nasturtium officinalis
Família: Cruciferae
Sinonímia popular: Jambu, agrião-da-água, berro, agrião aquático, agrião do rio
Parte usada: O vegetal inteiro
Propriedades terapêuticas: Depurativo, antiescorbútico, diurético, antidiabético, anti-raquitismo, expectorante, ungüento, cicatrizante
Princípios ativos: Iodo, potássio, fósforo, óleo, sais minerais, vitaminas, óleo essencial; glicosídeos, gliconastursídeo. Fermento (mirosina). Sais minerais, vitaminas, proteínas, carotenos, clorofila.
Indicações terapêuticas: Tuberculose, afecções pulmonares, tosse, bronquite

Informações complementares:
Origem:Europa, tendo se aclimatado bem no Brasil.
Modo de conservar: Utilizar sempre o vegetal fresco, com folhas
verde-escuras.
Características da planta:
Planta herbácea rasteira, chega a 60 cm. de altura. Exige solo poroso, estercado e com muita umidade. Erva de sabor picante, normalmente usada em saladas. Herbácea pequena, que atinge de 15 a 30 cm de altura. Possui caule tenro, oco, carnoso e nodoso, onde se apresentam 2 tipos de raízes: as finas e brancas que surgem nas axilas das folhas, e as principais que fixam a planta na terra. As folhas de coloração verde-escuro, bem intenso, são partidas em segmentos nas formas arredondadas ou ovais e reunidas geralmente em grupos de 3 a 7u.
As flores são brancas e pequenas, com quatro pétalas. Para um bom desenvolvimento, deve ser plantada em local de água corrente, como na beira de rios, ou colocando as sementes em caixotes, em local seco, e depois transplantadas as mudas para local definitivo. Pode-se utilizar também o plantio por meio de estacas. Geralmente é cultivada em canteiros, com o solo saturado de água por meio de irrigação, e cobertos por uma fina camada de esterco de curral. A colheita pode ser feita entre quarenta e sessenta dias após o plantio. A espécie de agrião de terra enxuta, cujo plantio pode ser feito o ano todo, prefere lugares frescos e
sombreados, e as folhas são pequenas. O agrião d´agua, cujos ramos devem ser plantados perto de nascentes, onde a água escoe mansamente, tem as folhas maiores. É um vegetal recomendado pelo seu valor nutritivo, teor de vitaminas e ótimo paladar, com odor aracterístico e sabor francamente amargo e picante. As folhas somente devem ser coletadas quando aparecem as flores.

Cuidado:
Seu uso interno em grandes quantidades pode provocar irritações na mucosa do estômago e nas vias urinárias.

Colaboração
© 2003-2005 Sérgio Roberto Sigrist - Todos os direitos reservados!

11.2.06

Açafrão

AÇAFRÃO, CÚRCUMA OU ZEDOÁRIA

Nome popular: AÇAFRÃO, CÚRCUMA OU ZEDOÁRIA
Nome científico: Curcuma longa L/C.
Família: Zingiberácea
Sinonímia popular:Açafrão-da índia, açafrão-da-terra, açafroa.
Sinonímia científica: Amonum curcuma Jacq
Parte usada: Rizoma, semelhante ao gengibre, seu parente.
Propriedades terapêuticas:Antiinflamatória, anticoncepcional, antiagregante plaquetária, antiinfecciosa, antiasmática.
Princípios ativos:
Curcuminóides, diferuil metano, curcuminas I e III e outras curcuminas, óleos essenciais, esquislactonas (turmerona), zingibereno, isabolano, cineol, linalol, eugenol, curcumenol, curcumernona
Indicações terapêuticas: Cálculo biliar, vesícula biliar, fígado, psoríase, leucemia, colesterol, câncer de colo
de útero, feridas.
Informações complementares:
Temos vários açafrões: um é a planta chamada Crocus sativus, Lineo, conhecida alhures como Açafrão oriental,
Açafrão cultivado, Açafrão verdadeiro, Flor da aurora, Flor de Hércules, que é um arbusto pequeno muito comum nos jardins do Brasil. Não é deste que falamos aqui. Neste site falamos da Curcuma longa L/C.
Outro é o Curcuma zedoaria (Christm) Roscoe, falso açafrão, zedoária, bastante parecida com a descrição
abaixo, com um diferencial importante - esta tem flor vermelha e a outra tem flores maiores e brancas, mas a
folhagem é idêntica. Usada há séculos como estomáquica.
Outros nomes populares:
Açafroeira, açafroeira-da-índia, batata-amarela, gengibre-amarelo, gengibre-dourado (a cor da raiz no
"curry"), mangarataia (turmeric em inglês), que é o açafrão milenar da medicina chinesa e indiana e também
usada no Brasil como tempero de alimentos, à semelhança do que os indianos fazem no "curry".
Outros sinônimos científicos:
Curcuma domestica Valeton, C.; Sichuanensis XX Chen; Stissera curcuma Racusch
Nome em outros idiomas e países:
Espanhol: Cúrcuma, azafrán de la Índia
Cuba: yuquilla
Inglaterra: turmeric
Itália: curcuma di levante
França: safran des Indes
Origem:
É um planta da Índia, introduzida nas Antilhas e Europa por navegadores. Gosta de solos úmidos, ricos e
argilosos.
Descrição:
Com um rizoma ovóide que contém tubérculos cilíndricos, possui grandes folhas elípticas que partem deste rizoma. Suas flores são amareladas de 15 centímetros de largura em espigas densas.
Princípios ativos:
Em sua composição química, os principais são curcuminóides (corantes) em 2 a 5%, diferuil metano, curcuminas I e III e outras curcuminas. Tem óleos essenciais, onde 60% deles são de sesquislactonas (turmerona), ingibereno, bisabolano, cineol, linalol, eugenol, curcumenol, curcumernona, como
os principais, além de polissarídeos A, B e C, galactano, potássio, resina, glucídios (mais amido).
Sua composição em cada 100 gramos de rizoma é aproximadamente = 354 calorias, 11,4% de água, 7,8% de
proteínas, 9,9 de gorduras, 64,9% de hidratos de carbono, 6,7 %de fibras, 6% de cinzas, 182mg de cálcio,
268mg de fósforo, 41,4mg de ferro, 38 mg de sódio, 2525 mg de potássio, 0,15 mg de tiamina, 0,23 mg de
riboflavina, niacina 5,14mg, ácido ascórbico em 26 mg e caroteno.
Uso medicinal:
Trabalhos realizados fundamentalmente com os corantes mostraram efeitos colerético, colagogo e protetor
hepático em ratas (Ozaki Y. et al., 1988 e outros posteriormente.) Há um estudo que mostra involuções de cálculos biliares com uso de curcumina - Hussain M. et al., 1993 - e melhora das funções de muitas enzimas do fígado : Goud V. et al., 1993, além de ser hepatoprotetor e antitóxico do fígado, como nos diz Donatus I. et al.,em 1990. Na verdade há muitos trabalhos nos dando conta de que é uma ótima planta para os problemas do fígado e vesícula biliar. Há, também, nestes rizomas, atividades pró-digestiva das boas como quer outra série de bons trabalhos científicos. Kiso Y. em 1983 demostrou que ela estimula a digestão. É protetor gástrico, por diminuir a secreção de ácidos segundo Rafatullah S. et al.,1990. Apresenta atividade imunomoduladora estimulante e antiinflamatória em ratas, por potencializar o sistema retículo-endotelial e quem nos diz assim é Kinoshita G et al , 1986 e Gonda R. et al., 1992. Há muitos outros estudos provando sua atividade
antiinflamatória. É uma planta que abaixa o nível de colesterol e lipídios totais no sangue às custas da curcumina. Extrato de Cúrcuma doméstica demonstrou abaixar triglicerídeos e fosfolipídeos em trabalhos de A . Beynen em 1987 e V. Dixit e outros no ano seguinte. A curcumina inibe o acetato de tetradecanoil-forbol que causa tumor de pele, a nitrosamina, causadora de cânceres orais e gástricos e azoximetanol, indutor de câncer em cólon. Nagabhushan M, Bhide S. e Huang M. et al. em 1992 provaram que 2% de curcumina protegem a mucosa do intestino grosso contra este último agente. Ainda é antiagregante plaquetária, antiinfecciosa, antiasmática e útil em casos de despigmentação da pele como na psoríase e alguma leucemia. Em altas doses inibe a ovulação e poderia, então, ser usada como anticoncepcional: trabalho feito na Universidade de Filipinas (publicado em Philippine Journal of Science).
No Oriente é usada como hepatoprotetor, estimulante das vias biliares, antiflatulenta, diurética, afrodisíaca,
diurética, antiparasitária, antifebril, antiinflamatória para a circulação. Na China é usada contra o câncer de colo de útero (em aplicação local e via oral), como fala o Dr. Jorge R. Alonso da Associação Argentina de Fitomedicina.
Indicado:
Externamente é bom cicatrizante e desinfectante de feridas, inclusive de olho, e anti-reumático (usa-se 1% de rizoma em decocção, duas ou três vezes ao dia.) Pode ser usada como extrato seco (5:1 é proporção da
droga vegetal nesta forma farmacêutica) em encapsulados, na dosagem de 80 mg, duas vezes ao dia ou em extrato fluido em 50 gotas por duas ou três tomadas (cada 40 gotas têm um gramo).
A absorção dos princípios ativos dela pelas vias digestivas é boa (cerca de 60%) e não é ulcerogênica
como os antiinflamatórios convencionais, provou em 1986 R. Srimal.
Uso culinário:
A cúrcuma participa do curry, tempero tradicional indiano, e é usada por farmácias como corantes. Aliás,
os trajes típicos budistas têm a cor amarelada pela cúrcuma usada, que não pode substituir o açafrão caseiro
(Crocus sativus Linneo) apenas porque o sabor é muito forte.
Dosagem indicada e uso medicinal do açafrão caseiro:
Este outro açafrão, chamado de açafrão verdadeiro (ou cultivado), açaflor ou erva-ruiva é semelhante ao que
comentamos, porém, mais comum e usado na culinária brasileira. Seus estigmas secos são usados contra gases
intestinais, dores gástricas, atonia digestiva (as raízes também têm esta ação), afecções das vias urinárias, calculose renal e da vesícula biliar, e para problemas do sistema respiratório.
Usam-se as raízes ainda para a circulação do sangue e como antihipertensivo, oralmente, por infuso de uma
colher de sobremesa para cada xícara de água, uma a três vezes ao dia. Os estigmas são usados também por infusão (15 estigmas por xícara de água), três xícaras por dia: aceleram a digestão.
Efeito colateral:
Um cuidado é importante ter: não tomar mais que 10 gramos por dia (30 estigmas ou quatro colheres de
sobremesa) porque esta planta é tóxica em grandes doses, podendo dar alteração no sistema nervoso, ou provocar abortos.
Colaboração:
Dr. Luis Carlos Leme Franco (Curitiba, PR) - março, 2004
Texto de seu livro "Fitoterapia para a Mulher".



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Abacate

Nome popular:ABACATEIRO
Nome científico: Persea americana C. Bauh
Família: Lauráceas
Sinonímia popular: Abacate, abacateiro
Parte usada: Folha, fruto (polpa) e semente (caroço)
Propriedades terapêuticas: Diurética, carminativa,afrodisíaca
Indicações terapêuticas: Diarréia, disenteria, dor de cabeça, contusão

Informações complementares:

O fruto (polpa) e o caroço (semente) devem ser consumidos ainda frescos, podendo ficar na geladeira por
algum tempo. A folha pode ser usada verde ou seca em geral para fazer chá. O chá da folha do abacateiro é diurético e carminativo (elimina gases intestinais) e ajuda a vesícula a liberar a bile, melhorando a digestão das gorduras. Evite tomar grandes quantidades diárias do chá (mais de 2 xícaras/dia), pois sendo diurético pode reduzir muita a pressão arterial em pessoas que tenham essa doença.
Sendo diurético também procure tomar pela manhã e no
máximo até 17 horas. O caroço (semente) tostado e moído bem fino combate a diarréia e a disenteria. A polpa do abacate é considerada afrodisíaca. Já no caroço (semente) concentra-se parte do poder de aumentar a libido.

A polpa pode ser consumida com mel ou melaço de cana (use pouco) e recomendo evitar o uso de qualquer tipo de açúcar, seja o branco, invertido, demerado ou mascavo. Pode ser misturado com iogurte e outros alimentos. A polpa é muito rica em nutrientes, vitaminas, sais minerais, antioxidantes e principalmente gordura boa. Suas gorduras são parecidas com as do azeite de oliva e seu teor de colesterol é irrisório ao contrário do que muita gente pensa. É boa para o coração e vasos. O abacate escurece por ação do oxigênio do ar sobre os nutrientes contidos na polpa produzindo radicais livres.
Assim acontece com a banana, a maçã, batata e outros vegetais depois de cortados quando perdem a proteção da casca que funciona como uma roupa protetora. Para evitar o escurecimento da polpa passe um pouco de limão, rico em vitamina C, que tem ação anti-radicais livres. As cascas são ricas em fitonutrientes que protegem as plantas contra a ação dos radicais livres. É por isso que deve-se comer a casca de algumas verduras e frutas. Com isso estamos consumindo seus nutrientes que também nos protege.

Mas existe um cuidado a ser tomado. Algumas frutas como o morango - um dos mais ricos em nutrientes, ao serem cultivados recebem uma carga muito grande de herbicidas que se acumulam exatamente na casca. Outros alimentos também tratados com muito herbicida são o tomate e a batata do reino.
Procure comprar em feiras onde se vendem produtos sem uso de agrotóxicos e de boa procedência.
Do ponto de vista prático seu uso mais freqüente em fitoterapia é como chá diurético.



Afrodisíaco:
O macerado do caroço (sem a folha, nem cânfora) preparado com vinho branco ou álcool de cereais para se obter um extrato também é usado como afrodisíaco. Deixar em infusão durante pelo menos 20 dias (quanto mais tempo melhor) em frasco de vidro escuro, protegido da luz. Procure agitar pelos menos uma vez ao dia. Depois de
pronto pode-se tomar um cálice/dia.

Creme amaciante para face ou mãos :
Polpa do fruto maduro, mel de abelha. Amasse, faça uma massa cremosa (1/4 da polpa, 1 colher de sopa de mel de abelha). Aplique e deixe cerca de 30 a 40 minutos. Retire com água fria. Use pelo menos duas vezes por semana.

Dores de cabeça reumáticas e contusões:
A folha e a semente picadas colocadas em repouso durante pelo menos 5 dias combate dores de cabeça, reumáticas e contusões. Infusão: 1 colher picada de folha, outra de semente ralada, 1 xícara de lcool de cereais a 60%, 1 pedra de cânfora; aplicar nas partes doloridas com chumaço de algodão. Essa infusão não deve ser bebida, é para uso tópico no local afetado.

Cuidado:
A polpa é muito rica em calorias e deve ser evitada por quem faz dieta para perder peso. Já para atletas e
malhadores de academias, desde de que orientados, é uma boa fonte de energia, substituindo com larga vantagem as mortais e venenosas margarinas e manteigas.

Uso culinário:
Com a polpa, azeite de oliva e iogurte natural desnatado e uma pitada de sal marinho iodado se faz um delicioso e nutritivo creme que pode ser usado no lugar da manteiga, margarina e maionese industrializada.


Colaboração:
Dr. Fernando Mascarenhas dos Santos - CRMBA 4631 - Salvador (BA) Junho - 2003
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